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Que Tal? Receita identitária, por Eugênio Afonso

Data:
Da redação

Tente fazer o 'baiano até a página 3'.

Que Tal? Receita identitária, por Eugênio Afonso
Arquivo Pessoal

Despeje um português enraizado inteiro e metade de uma falsa baiana. Mexa bem e tampe. Depois coloque cinco lufadas de frio do sudoeste do Estado. Mexa de novo e um pouco mais.

Nessa fase não vai vatapá, caruru, religiões de matriz africana nem pajubá. Continue mexendo para não endurecer. Agora é hora de colocar alguma melancolia, doses generosas de educação, cultura e um caldo de intelectualidade.

Mexa mais lentamente e tampe de novo. Leve à geladeira. Depois de frio, acrescentar aversão a barulho, e intolerância a violência, agressão e falta de gentileza. Ainda falta ingrediente para formatar e dar cor ao produto.

Deixe gelar um pouco mais e coloque, desta vez, sexo, sedução, gotas de sol, iodo, sal e uma quantidade significativa de praia. Volte a mexer para não embolar.

Em seguida, pitadas de privacidade e uma dose discreta de intimidade. Agora, leva ao forno. Aquecer para não entristecer e murchar. Deixe alguns minutos a mais e pode tirar.

Misture bem de novo. É hora de colocar um quilo de impaciência com repertório tosco e chulo, misturado com muitas gramas da língua portuguesa. Duas colheres de intolerância com excesso de felicidade e ditadura da alegria.

Salpicar doses generosas de hedonismo, muito humor e alguns litros de teatro. Pedaços generosos de cinema, literatura e música. Volta a misturar. Está quase no ponto.

Para complementar, salpicar pedaços de contemplação e alguns centímetros de senso estético e garimpo. Volta ao forno, deixa dourar, decora com acessórios confortáveis e bonitos, tira e serve. Nunca se sabe se é ou está saborosa. Vai ser preciso experimentar, mas não é iguaria que sirva a qualquer paladar.

Agora que você já conhece os ingredientes, pode tentar fazer o 'baiano até a página 3'.

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