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Que Tal? Desabafo de um jornalista, por Eugênio Afonso

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Da redação

Pauta da semana: entrevistar a cantora e compositora carioca Marina Lima.

Que Tal? Desabafo de um jornalista, por Eugênio Afonso
Divulgação

Pauta da semana: entrevistar a cantora e compositora carioca Marina Lima, de quem sou fã e tenho quase todos os discos, uma boa parte ainda em vinil. Ela tinha lançado um songbook com todas as músicas dos seus discos, em mais de 40 anos de carreira, inclusive as de outros autores, e um EP com quatro músicas inéditas e autorais.

Muito bem, entrei em contato com os assessores da cantora, que foram atenciosos e tentaram facilitar o trabalho. Ótimo. Primeiro perrengue: Marina queria que a entrevista fosse feita pelo Zoom. Argumentei que era praticamente impossível, já que estou trabalhando remotamente e tenho tido problemas de conexão. Ela insistiu, disse que estava fazendo assim com todo mundo.

Já estava dando a pauta como perdida, quando recebo uma mensagem via WhatsApp de um dos assessores informando que ela responderia as perguntas por e-mail.

Bingo. Mandei 15. No dia combinado, recebo as respostas. Marina foi extremamente lacônica, como quem está mal-humorada ou irritada porque não topei o Zoom.

Tudo bem. Ela será capa do jornal mesmo assim. Não cabe sacanear o artista...nem sou desses. Só fiquei decepcionado com a falta de interesse dela para falar com um periódico nordestino, mesmo que impresso, já que a gente sabe que o número de leitores não é mais o mesmo.

Acontece que uma matéria de jornal impresso que, muitas vezes também é veiculada no online, pode correr mundo com as atuais facilidades tecnológicas e as redes sociais...tudo se divulga, tudo se compartilha.

Talvez ela não tenha gostado do fato de eu ter perguntado sobre a transformação na sua voz. Mas, para mim, é impossível entrevistar uma cantora que praticamente perdeu a voz e consegue seguir fazendo shows e gravando discos. Precisava saber como ela tinha se reinventado e ressignificado a caminhada. Isso daria sentido à sua atual carreira.

A pergunta foi: Desde que a sua voz se transformou, você ressignificou a carreira? Aí veio a resposta: "Sim. E minha voz está como eu quero agora".

Ok. Outra pergunta: São mais de 40 anos de estrada. Como você definiria sua carreira? Segue a resposta: "Mais de 40 anos de estrada". Mais uma: Quais os próximos projetos? Resposta: "Esperar pra ver".

E assim se deu a entrevista. Para algumas perguntas, ela se dispôs a escrever umas palavras a mais. A resposta mais longa tinha três linhas.

Já entrevistei inúmeros artistas, de Maria Bethânia a Mariana Aydar, passando por Zizi Possi, João Bosco, Djavan, Martinho da Vila, Marisa Monte....enfim, artistas consagrados Brasil afora. De forma geral, eles se dispuseram a trocar ideias comigo e as entrevistas renderam bem.

Mas....muitas vezes é melhor não conhecer o artista fora dos holofotes para não confundi-lo com sua obra. Às vezes, criação e criatura não se amoldam.
 

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