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Comerciante que construiu o próprio quiosque pode ser despejado e alega perseguição política em Santa Teresinha; 'Não faz isso comigo'

Data:
Jean Mendes

Foi por meio de um vídeo, nas redes sociais, que Roque e a esposa, Simone Moreira, resolveram expor a situação

Comerciante que construiu o próprio quiosque pode ser despejado e alega perseguição política em Santa Teresinha; 'Não faz isso comigo'
Redes sociais

Roque Santos Amorim, dono de um quiosque no Centro do município de Santa Teresinha, no Piemonte do Paraguaçu, pode não mais ser chamado de proprietário. É que ele recebeu uma espécie de ordem de despejo emitida pela Prefeitura e, agora, não sabe mais de onde vai tirar dinheiro para sustento da família. No comércio, o homem vende caldo de cana e salgados. Para a ação da gestão municipal, ele alega perseguição política. A administração nega.

Foi por meio de um vídeo, nas redes sociais, que Roque e a esposa, Simone Moreira, resolveram expor a situação. "Ele correu tanto atrás, para construir aquele quiosque dele. A gente tem filho para sustentar, e fica uma situação dessa. O homem está com vingança contra a gente. Não dá mais para ficar desse jeito. Chega de tanta mentira. Somos uma mãe e pai de família correndo atrás", denunciou a mulher.

A família alega que o terreno para a construção do pequeno comércio foi cedido pelo ex-prefeito de Santa Teresinha, José Santana Júnior, o Zé de Zila - que comandou o Executivo até 2020. Foi Roque, porém, quem precisou construir o imóvel. "Na época, eu não tinha condições de comprar a vista. Fiquei não sei quantos anos pagando as notas no material de construção [...] Não estou entendendo a situação", argumenta ele, ainda no vídeo divulgado.

O prefeito de Santa Teresinha é Agnaldo Andrade (PSD) - que foi reeleito por quatro votos de diferença nas eleições de outubro de 2024. A própria gestão do pessedista já havia dado autorização para funcionamento do comércio.

O caso foi parar no Tribunal de Justiça da Bahia. Amorim pediu que a Corte emitisse um mandado de segurança para que não fosse despejado. A juíza Adriana Pastorele da Silva Quirino Couto não acatou. Dentre os pontos analisados, ponderou que o acordo assinado entre a então gestão municipal e Roque, em outubro de 2023 e válido por um ano, existia "a previsão de retomada do imóvel pelo poder público, desde que houvesse comunicação prévia".

A magistrada não viu perseguição política na ação da atual Prefeitura de Santa Teresinha. "A mera menção genérica a uma suposta retaliação de cunho político-partidária, a qual seria perpetrada por meio da retomada de um bem público, não tem o condão de elidir a conveniência do ato administrativo".

"Não sei porque essa perseguição contra mim. Eu fiz o quiosque que o ex-prefeito, Zé de Zila, cedeu o espaço, o terreno, para eu construir. Agora, o prefeito Agnaldo Andrade está nessa perseguição aí e eu sem saber o motivo [...] É ali que trago o sustento para minha família. Pelo amor de Deus, Agnaldo Andrade, não faz isso comigo. Não tenho outro meio de sobreviver", implora o dono do quiosque. 

PREFEITURA SE EXPLICA 

Por meio de nota, a Prefeitura de Santa Teresinha negou que a ação seja perseguição política. "O quiosque localizado ao lado da Estação Cultural foi uma decisão judicial e não se trata, em hipótese alguma, de perseguição política. A desocupação foi solicitada devido à necessidade de reorganização e melhorias no centro da cidade, com base em questões administrativas e urbanísticas", pontuou.

"É importante destacar que a concessão do referido espaço venceu no dia 04 de outubro, e o município tem o dever de garantir o cumprimento das normas e dos projetos de desenvolvimento urbano", sustentou. 

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