Angelino Teixeira da Cruz Neto era um jovem de 27 anos. Alegre e sonhador, tinha ainda outros adjetivos que, somados, se amontoam. Para a tristeza de amigos e familiares, foi encontrado morto na madrugada do último domingo (7) às margens da BA-460, no município de Barreiras, Oeste da Bahia. Parentes sustentam que o rapaz foi atropelado após sair de uma confraternização. Quem matou? Por qual motivo não deu socorro? São respostas que ainda pairam no ar.
"Uma pessoa me procurou, dizendo que o viu na estrada, desesperado, para que os carros parassem. Era como se estivesse pedindo socorro. Pelo que? A testemunha me falou que não parou para uma pessoa desconhecida. Por que ele [Neto] estava assim? Poderia ser por conta da bebida? Sim. Mas alguém o atropelou. Alguém omitiu socorro e foi embora", relatou a prima da vítima, que preferiu não se identificar, ao Portal do Casé.
Procurada pela reportagem, a Polícia Civil da Bahia se limitou a informar que o corpo não tinha sinais de violência e que diligências investigativas são realizadas para elucidar o caso. Laudos periciais vão auxiliar nas investigações. A família já sabe que Angelino teve uma hemorragia pélvica.
"Como foi essa hemorragia, se tivesse acontecido o socorro, ele poderia estar no hospital agora. Não tinha sangue na pista. Neto, inclusive, não ficou com marcas de atropelamento. O laudo [do Departamento de Polícia Técnica] diz que ele não morreu na hora", relembra a prima. O corpo do rapaz, que era natural do Rio de Janeiro, foi enterrado na tarde de terça-feira (9), sob forte comoção de colegas, amigos e familiares.
FESTA E MORTE
Angelino Neto estudava agronomia na Universidade Federal de Viçosa e estagiava em uma fazenda no Oeste da Bahia, que fica perto de onde o acidente aconteceu. Horas antes da tragédia, ele participou de uma confraternização da empresa e, em seguida, foi deixado na porta da fazenda. A falta de respostas atribuída pela família à Polícia Civil faz com que outras possibilidades pairem na cabeça de pessoas que querem um desfecho para saber quem atropelou Neto.
"No dia em que foi atropelado, ele tinha bebido bastante. O Neto era homossexual. Quando ele foi trabalhar na fazenda, brincou: 'tenho que fingir que sou hétero. Aqui, é cheio de homens e preconceituosos'. Com o tempo, isso foi amenizando. Ele chegou a me falar que os colegas sempre o chamavam para uma cachoeira no Tocantins. Neto disse que sempre tinha medo, de eles fazerem alguma coisa", acrescentou a prima.
A União Estadual de Estudantes de Minas Gerais engrossa a voz por repostas. "TIRARAM A VIDA DE UM ESTUDANTE? Estudante da UFV, foi encontrado sem vida na zona rural de Barreiras, localizada na região oeste da Bahia. Exigimos justiça para Angelino Teixeira da Cruz Neto", lamentou, pelas redes sociais.
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