O que era para ser a realização de uma demanda antiga de moradores de três regiões em Santo Amaro, no Recôncavo da Bahia, se transformou em confusão e troca de acusações, desde a última segunda-feira (29). Técnicos do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA) embargaram a perfuração de três poços artesianos e as comunidades acreditam que seja perseguição política. A emenda para a construção foi do deputado Elmar Nascimento (União Brasil). A ex-secretária de Meio Ambiente rebate.
"A Prefeitura de Santo Amaro, desde 2019, prometeu esses poços e não fez. Os moradores correram atrás e houve essa emenda, por meio da Associação. Acreditamos que a Prefeitura deu queixa para não deixar cavar. O pessoal do INEMA disse que só vai realizar fiscalização quando é acionado", denuncia o morador Ednei Brito. Segundo ele, inclusive, a notificação dos técnicos que embargou a obra sequer chegou ao escritório da autarquia estadual.
O primeiro poço seria construído na Rua Nova. O outro, na localidade conhecida como Muringue. O terceiro estava previsto para ser perfurado na região batizada de Barro Vermelho. Juntas, as comunidades possuem mais de 460 famílias.
De acordo com Brito, com a perfuração dos poços, todas as famílias seriam beneficiadas com água encanada. "Acreditamos que isso é questão política, também porque a emenda parlamentar veio por meio do ex-prefeito. Como a gestão sabe que a obra beneficia o outro lado nas eleições, a comunidade 'paga o pato'", conta Ednei Brito. Até a manhã desta terça-feira (30), a obra ainda estava parada.
"A gente está dando graças a Deus que chegou esse poço. Eu venho pegar um carro de mão, com água, andando um quilômetro. Como é que pode embargar uma coisa que estamos precisando? Eles colocam uma água que não presta para beber. Não serve. Se a gente quiser água, tem que ser carro de mão. Agora, eles fazem uma coisa dessas? Eu não aceito isso de jeito nenhum. A comunidade está necessitando desse poço", pontuou, em um vídeo, a moradora Irqueita.
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OUTRO LADO
À reportagem do Portal do Casé, a ex-secretária de Meio Ambiente de Santo Amaro, Ana Lícia Marins, classificou a denúncia como "perseguição política". Hoje titular da secretaria do Meio Ambiente, ela chamou a situação de "fake News".
"Estamos vivendo tempo de politicagem e fake News. Acredito no trabalho do INEMA. Temos um poço nessa comunidade. Quando assumimos a gestão, viabilizamos água para essa comunidade. Viabilizamos esse poço com o Governo do Estado. O INEMA deve ter ido na comunidade e viu esses poços. A gente serve água por meio de um gerador. A gente precisava ter essa outorga do INEMA. Liberamos água com gerador. Às vezes dá problema e a gente resolve", disse.
"Existe um cidadão lá que, desde o início da gestão, ele persegue meu nome. Ele chegou a inventar que a agua tinha coliformes fecais. Ele pegou uma água antes desse tratamento e saiu espalhando isso na comunidade. Isso é típico de bolsonarista, fomentando a maldade. O estado vai se prestar ao papel de distribuir água ruim para a comunidade? Ele criou isso. Para mim, se o INEMA foi lá, é porque tem coisa errada", rebateu a secretária.
Ana Lícia fez questão de reforçar que a Prefeitura de Santo Amaro não interfere no INEMA. "Não tem nada a ver. A gente é fiscalizado pelo INEMA. Eles tem as fiscalizações e eu confio neles. Eu não os questiono, eu resolvo o problema. Cabe a esse pessoal resolver esse problema", finalizou.
A reportagem do Portal do Casé solicitou posicionamento ao Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos sobre o motivo do embargo, mas o órgão não tinha se manifestado até a publicação desta matéria.
