Um vereador de Queimadas, Norte da Bahia, é acusado de agredir a amante. Shirley Leite disse que manteve um relacionamento de cerca de três anos com André Batista de Oliveira, conhecido como André de Maurinho. Como o romance já não estava dando certo, resolveu colocar um fim. O parlamentar, porém, não teria aceitado e cometido o crime. Por outro lado, o edil deu outra versão para a situação. Os dois se encontraram nesta segunda-feira (27), ao registrarem o fato na Delegacia Territorial de Santaluz.
A agressão, segundo a mulher, aconteceu na madrugada de sábado (25). "André estava com meu amigo, em um bar. Esse meu amigo passou o celular para eu falar com ele. Eu disse que queria ficar em paz, mas André insistiu, dizendo que viria aqui em casa. Aceitei. Quando ele chegou, tentou ficar comigo e eu disse que não queria. Começaram as agressões. Ele arrastou o carro comigo dentro e bateu na minha cabeça, com tapas e murros. Depois, voltou para a minha casa dizendo que iria acionar a polícia", disse Shirley durante entrevista ao Portal do Casé nesta segunda. Ela sofreu hematomas no rosto, braços e costela.
O parlamentar nega veementemente a acusação. Também em entrevista ao Portal do Casé nesta segunda, ele classificou a denúncia como "montagem". O que aconteceu dentro do automóvel também é ponto de discordância entre Shirley e André. Ela frisou que o vereador estava no automóvel, bêbado e somente de cueca. Por outro lado, Oliveira fala ao contrário: de que a então amante o recebeu já sem roupa.
"Tudo que aconteceu [agressão] foi montado. Ela [Shirley] não queria aceitar o término. Ela me propôs eu ir [para a casa dela, no sábado]. Ela queria afetar meus filhos. Se eu não fosse lá, ameaçou ir na porta da escola do meu filho. Me forçou a ir à casa dela na sexta. Quando parei na casa dela, entrou no banco do meu carro, nua. Eu disse que não iria manter relações com ela e pedi para sair do carro. Shirley me agrediu e me empurrou. Tirei ela do meu veículo e segui para Queimadas", relatou o vereador.
Shirley confirmou que estava no veículo, mas argumentou que se negou a descer porque queria que a Polícia Militar fosse acionada. "Mandei uma amiga minha chamar a polícia. André mandou eu descer do carro e falei que só desceria com a polícia. Ele abriu a porta e me jogou no chão, depois de me agredir", sustentou.
A mulher ainda relembrou que ligou para a esposa de André de Maurinho para falar do relacionamento extraconjugal. "Não sei o que ele falou para a esposa. Retornei a ligação e contei tudo para ela. Contei que ele sempre mentiu para ela. A mulher dele me pediu as provas que eu tive um relacionamento. A filha dele me ameaçou. André ainda gravou um áudio contando que tinha me agredido. Ele confessa e esse áudio está com a Polícia Civil. Ele disse que eu surtei e, por isso, puxou o meu cabelo", contou a moça.
Os dois fizeram exames de corpo de delito. Shirley foi atendida no Hospital Municipal de Santaluz, alegando dor de cabeça, além dos hematomas. O vereador também: “Fui 3h na delegacia. Quando ela fez exame, eu já tinha queixa pronta. Shirley tem vários processos. Ela não mantém bom relacionamento com o pai do filho dela, por exemplo. Eu não sou baixo igual a ela, porque tem dois filhos, crianças inocentes. Tenho ciência dos meus atos. Pelo meu erro [da traição], estou pagando caríssimo. Tenho filhos também”, disse André.
RELACIONAMENTO FORA DO CASAMENTO
Tanto André quanto Shirley não negam que tiveram um caso, que durou cerca de três anos, entre términos e voltas.
"Nos víamos praticamente todos os dias, e posso provar isso também. Tivemos brigas e violência psicológica, inclusive. Tive início de depressão, e André me acusou coisas que eu não tinha feito. Eram ciúmes doentios, em situações incabíveis. Tive a depressão e ansiedade por conta disso. Na quarta-feira antes da agressão, ele invadiu a casa da minha mãe e tentou falar com ela. Eu disse que ia tornar público o que estava acontecendo. André falou para a minha mãe conteúdos íntimos da nossa relação", revelou Shirley.
O vereador nega que tenha invadido a residência da mãe da ex-amante, mas confirmou que esteve lá. "A mãe dela não gosta de mim, me respeita pelo homem que fui. Ela não queria que a filha tivesse caso com homem casado. Eu disse à mãe dela: 'não quero ela mais'. Shirley tirou minha foto conversando com a mãe dela", contou André.
Ainda de acordo com o vereador de Queimadas, a filha pequena de Shirley o considera como pai. “Jamais iria agredir uma pessoa que tem uma filha que me considera pai. Tenho tomado as medidas cabíveis contra essa situação”, lamentou.
JUSTIÇA
É a Delegacia de Santaluz que vai dar seguimento às apurações. Os ex-amantes se encontraram na unidade nesta segunda. "André saiu do flagrante. Ele se apresentou com o advogado, rindo e debochando, por ele ter influência política, como se não tivesse dado em nada. Homem é assim", resumiu Shirley.
O que chama a atenção é que André é autor de um Projeto de Lei, em Queimadas, que proíbe homens condenados pela Lei Maria da Penha de assumir cargos públicos. “Temos essa lei em Queimadas. Coloquei meu casamento de 25 anos em risco. Shirley disse que iam mandar me procurar, que ela tem amigos no tráfico de drogas. Disse ainda que iria ver eu perder meu cargo. A lei foi aprovada nesse ano e só pode ser implantada no próximo mandato. Shirley tentou sujar minha imagem”, sustentou.
"Espero que André pague por isso. As pessoas têm mania de achar que político não paga pelo que faz. Deixar isso impune desencoraja muitas mulheres de denunciar. Se ele não pagar, vai desencorajar muita gente", atacou Shirley.