Quando saiu de casa para fazer fisioterapia, Vera Lúcia de Jesus Félix, de 68 anos, não imaginava que seria sua última viagem. Na manhã de segunda-feira (29), ela embarcou em um veículo de pequeno porte, cedido pela Prefeitura de Muritiba, no Recôncavo da Bahia. O chamado Tratamento Fora do Domicílio (TFD) se envolveu em um acidente, horas depois, e a idosa morreu na hora. Outra mulher, um bebê e o motorista também estavam no carro.

O veículo que o grupo estava tinha Salvador como destino. O acidente aconteceu na BR-101, trecho do distrito de Humildes, em Feira de Santana. O carro da Prefeitura, modelo Mobi, se chocou frontalmente com um caminhão. A outra mulher e o motorista foram internados, em estado grave. A quarta vítima, o bebê, se livrou por um milagre. Segundo testemunhas, o limite de velocidade no trecho onde a tragédia aconteceu é de 60 km/h.

Após a batida, denúncias apareceram nas redes sociais sobre a displicência de alguns condutores de TFD, de Muritiba. De acordo com os relatos, os principais problemas são alta velocidade, falta de combustível nos automóveis e inexperiência dos profissionais, que são cargos comissionados.
A denúncia é reforçada pelo neto de dona Vera Lúcia. Heagleton Félix explicou ao Portal do Casé que o motorista do caminhão envolvido no acidente teria citado a alta velocidade do Mobi. "O caminhoneiro falou que não teve o fazer naquele momento. Ele freou e estava em baixa velocidade. Porém, o carro da Prefeitura de Muritiba estava correndo", citou. "Minha avó ficou presa às ferragens, por conta da violência", pontuou.
Ele sustenta que a Prefeitura de Muritiba já tinha sido alertada sobre o problema. "Várias vezes já houve esse alerta. São motoristas dirigindo sem a prudência necessária e até falta de combustível no caminho. A gestão, mesmo assim, nada vez", completou.
Por meio de nota, a Prefeitura de Muritiba prestou solidariedade às famílias das vítimas e disse estar prestando assistência, como "prioridade". “Paralelamente, acompanhará o regular andamento das investigações conduzidas pelas autoridades competentes e, de forma complementar, instaurará procedimento administrativo interno para a devida apuração dos fatos”, contou.
A gestão municipal ainda disse desconhecer qualquer denúncia formal sobre má conduta de motoristas. "Não há registro de profissionais e atividade que estejam exercendo suas funções com carteira de habilitação provisória. Ainda assim, em respeito ao princípio da legalidade, será realizada apuração minuciosa também acerca dessas alegações", completou. A família de Vera Lúcia revelou que não recebeu nenhum contato da administração.
Por fim, a Prefeitura de Muritiba reafirmou seu "compromisso inegociável com a segurança, responsabilidade e a oferta de serviços de qualidade à população".