Fábio Freitas, dono da embarcação que naufragou e matou oito pessoas em Madre de Deus, na Região Metropolitana de Salvador, negou a versão de que tivesse fretado o barco "Gostosão" para a travessia saindo da Ilha de Maria Guarda, no domingo (21). O marinheiro ainda relatou que está sendo ameaçado na cidade, e que não pode voltar para casa. Freitas perdeu, na tragédia, a filha, Flaviane Jesus dos Santos, 29 anos, e o neto, Jonathan Miguel de Jesus Santos, 7.
"Saí com minha família para passear, e deixei minha filha lá [na Ilha de Maria Guarda]. Na volta, encostei [no píer] para pegar ela. Aquele pessoal todo entrou no barco. Eu pedi para todos saírem, porque meu barco não era para o transporte. Uma das pessoas se sentou no barco. Depois, todos sentaram. Tive que tirar o barco do píer e seguir viagem", contou Fábio, durante entrevista à TV Bahia.
Testemunhas, que ainda serão ouvidas formalmente pelo titular da 17ª Delegacia Territorial (DT), Marcos Laranjeira, porém, sustentam outra versão. Alguns argumentam que Fábio cobrou R$ 10 pela travessia, e que a confusão no barco começou por esse valor. A informação foi confirmada por fontes da Polícia Civil ao Portal do Casé, ainda na segunda-feira.
O dono do saveiro "Gostosão" negou que mais de 20 pessoas estivessem a bordo. Oito pessoas morreram e seis foram levadas para unidades de saúde. A Polícia Civil disse, informalmente, que pelo menos 20 pessoas estavam na embarcação. "Não fretei o barco. Nunca fiz isso. Ele é barco para família. Jamais fretei a pessoa nenhuma. Ele tinha capacidade para 11 pessoas [...] Pelo que contei, foram 13 pessoas que estavam no barco, completou Fábio.
As vítimas fatais foram identificadas como: Ryan Kevellyn de Souza Santos, de 22 anos; Flaviane Jesus dos Santos, de 29; Caroline Barbosa de Souza, 17; Rosimeire Maria Souza Santana, 59; Jonathan Miguel de Jesus Santos, 7; Hayala dos Santos Conselho, 32; Alice Maria, 6 anos e Vanderson Queiroz, de 42 anos.
O dono do barco ainda relembrou que não conseguiu salvar a filha e o neto. “Coloquei ela [Flaviane] no leme do barco, segura. Ela estava consciente e gritando: 'cadê Miguel?'. Quando coloquei minha esposa no outro barco, já não achei minha filha e meu neto [...] Não pude ir para os enterros, porque estou sendo ameaçado. Não posso nem ir lá”.
O advogado de defesa, Elder Costa, contou que o delegado que investiga o caso não ouviu Fábio, e que já teria solicitado a prisão preventiva do marinheiro. Ele afirmou que já pediu ao Tribunal de Justiça da Bahia um habeas corpus preventivo.