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Negros ainda recebem quase metade da renda de brancos no Brasil, revela estudo

Data:
Driele Veiga

Em 2023, essa diferença passou para R$ 2.199,04 entre os negros e R$ 3.729,69 entre os brancos, o que representa uma redução de 1,2 ponto percentual na desigualdade de renda entre os dois grupos.

Negros ainda recebem quase metade da renda de brancos no Brasil, revela estudo
Paulo Pinto I Agência Brasil

O Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (Cedra) divulgou um levantamento sobre as disparidades entre negros e brancos no mercado de trabalho brasileiro. De acordo com os dados, a renda média do trabalho principal das pessoas negras no Brasil correspondia a apenas 58,3% da renda das pessoas brancas no período de 2012 a 2023.

A análise, baseada na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que, em 2012, os negros tinham rendimento médio de R$ 1.049,44, enquanto os brancos recebiam R$ 1.816,28. Em 2023, essa diferença passou para R$ 2.199,04 entre os negros e R$ 3.729,69 entre os brancos, o que representa uma redução de 1,2 ponto percentual na desigualdade de renda entre os dois grupos.

Além disso, o levantamento também destaca que, ao longo do período analisado, a renda média do trabalho doméstico das mulheres negras foi equivalente a 86,1% da renda das mulheres brancas. Em 2012, essa média era de R$ 503,23 para negras e R$ 576 para brancas. Já em 2022, as mulheres negras recebiam, em média, R$ 978,35, enquanto as brancas ganhavam R$ 1.184,57. Segundo o Cedra, houve um aumento de 4,8 pontos percentuais na desigualdade entre os dois grupos, evidenciando a permanência de distorções salariais.

A representatividade das pessoas negras em cargos gerenciais também segue baixa. Em 2012, as pessoas negras representavam 53% da população brasileira, mas ocupavam apenas 31,5% dos cargos gerenciais. Em 2023, essa participação cresceu para 56,5% da população e 33,7% dos cargos gerenciais. A elevação foi de 3,5 pontos percentuais na população e 2,2 pontos percentuais nos cargos de gestão.

A análise também indica que a desigualdade entre mulheres negras e brancas nos cargos de gestão se ampliou durante o período. A proporção de mulheres brancas em posições de chefia aumentou 1,5 ponto percentual entre 2012 e 2023, mesmo com a redução da sua participação na população de 24,1% para 22%. Já as mulheres negras tiveram crescimento tanto na população (de 26,5% para 28,5%) quanto nos cargos gerenciais, com alta de 1,3 ponto percentual.

Em relação à condição de empregadores, os dados revelam que, em 2012, a proporção de homens brancos era quase cinco vezes maior do que a de mulheres negras. Em 2023, a distância diminuiu, mas os homens brancos ainda tinham quatro vezes mais presença como empregadores. Além disso, a taxa de desocupação das mulheres negras também foi analisada pelo Cedra. Em 2012, o índice era 6,1 pontos percentuais superior ao dos homens brancos. Em 2017, essa diferença chegou a 8,9 pontos percentuais, e caiu para 7,4 pontos percentuais em 2023. Mesmo com a leve melhora, o dado mostra uma permanência na desigualdade de acesso ao mercado de trabalho.

O Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (Cedra) é uma instituição que reúne pesquisadores das áreas de ciência de dados, estatística, economia e ciências sociais com foco na análise das desigualdades raciais no Brasil. O centro é apoiado por instituições como o Instituto Çarê, Instituto Ibirapitanga, B3 Social e Bem-Te-Vi Diversidade, além de manter parcerias com Amazon Web Services (AWS), Bain & Company, Daniel Advogados e Observatório da Branquitude.

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