Uma vendedora de uma das lojas da rede C&A em Salvador será indenizada por ser chamada de gorda pelo próprio gerente. A informação é do Tribunal Regional do Trabalho da Bahia (TRT-BA), que manteve decisão da 31ª Vara do Trabalho de Salvador. Ainda cabe recurso.
No decorrer do processo, que só foi detalhado na sexta-feira (14), a funcionária afirmou que tinha boa relação com os colegas de trabalho, exceto com o chefe, que dizia que ela não era promovida por causa do seu corpo.
O gerente também teria se referido a ela e a outras duas colegas como “Gordinhas de Ondina”, em alusão ao monumento Meninas do Brasil, de Eliana Kértsz. A obra, localizada no bairro de Ondina, em Salvador, retrata três esculturas de mulheres gordas: uma indígena, uma negra e uma europeia.
Além disso, de acordo com o TRT da Bahia, o gerente fazia comentários sobre a alimentação da operadora de vendas, mencionando que ela comia coxinhas. Testemunhas confirmaram as ofensas.
Para a juíza responsável pelo caso, Léa Maria Ribeiro Vieira, ficou comprovado que a funcionária foi alvo de tratamento humilhante. Por isso, determinou a indenização no valor de um salário da trabalhadora.
A operadora de vendas recorreu, pedindo um valor maior, argumentando que o gerente a ofendia por seu biotipo e hábitos alimentares. No entanto, o relator do caso, desembargador Valtércio de Oliveira, manteve a decisão.
Para o desembargador, o comportamento do gerente demonstrava "um leve desprezo pela funcionária durante os seis meses em que foi seu chefe, e a indenização fixada atende aos critérios de razoabilidade e proporcionalidade".