A Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) tem investido para tornar a produção agropecuária baiana cada vez mais sustentável e eficiente. Entre as ações estão a recuperação de nascentes em municípios do Oeste do estado e para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, que provocam mudanças climáticas que, consequentemente, também afetam a produção agropecuária.
Atualmente, com o financiamento do Programa Para o Desenvolvimento da Agropecuária (Prodeagro), o Centro de Apoio à Regularização Ambiental da Aiba promove o projeto Nascentes do Oeste, cujo objetivo é realizar o diagnóstico, recuperação e preservação das nascentes e veredas da região, além de sensibilizar as comunidades ribeirinhas com os encontros de Educação Ambiental e capacitá-las em preservação e recuperação de nascentes. Até o momento, o projeto já contemplou 12 municípios do Oeste da Bahia. Ao todo foram executados o diagnóstico de 93 nascentes, das quais 63 foram recuperadas e 16 estão em processo de recuperação.
Graças a essa iniciativa, em 2020, durante a vigência da primeira etapa do Projeto Nascentes do Oeste, a Aiba e a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), conquistaram o Prêmio ANA 2020, pela Agência Nacional das Águas (ANA), que reconheceu este projeto como uma das iniciativas que contribuem para a promoção da segurança hídrica, da gestão e do uso sustentável dos recursos hídricos para o desenvolvimento do Brasil. O projeto ainda promove encontros de Educação Ambiental nas comunidades ribeirinhas dos municípios participantes.
O presidente da Aiba, Odacil Ranzi, ressalta que a associação tem o compromisso de promover o desenvolvimento do setor agropecuário associado a boas práticas de sustentabilidade. Ele pontua que o setor já representa quase 30% do PIB do estado e que a tendência é de crescimento, ao ressaltar que, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a demanda global de alimentos deverá aumentar perto de 70% até 2050, e o Brasil é um dos únicos países em condições de atender grande parte desta demanda.
"Com as estimativas globais de crescimento populacional e aumento da demanda por alimentos para as próximas décadas, o setor agrícola tem o desafio de ampliar a produção para responder à demanda crescente por alimentos aliando aos cuidados com o meio ambiente e recursos hídricos", afirmou Odacil Ranzi.
*Carbono* - A Fundação Solidaridad, numa parceria com a Aiba e com a Land Innovation Fund, realizou um estudo inédito para estimar a emissão de gases do efeito estufa na safra 2020/2021 de soja no Oeste da Bahia, assim como a quantidade de carbono que fica estocado no solo graças à produção. A pesquisa para linha de base envolveu 20 propriedades nos municípios de Baianópolis, Barreiras, Formosa do Rio Preto, Jaborandi, Luís Eduardo Magalhães e São Desidério.
Como resultado, ficou claro que a adoção do Sistema de Plantio Direto (SPD) e de outras práticas mais conservacionistas pode compensar até 118,5% das emissões de gases provocadas pela cultura da soja. Isso ocorre por conta da quantidade de carbono que é ‘sequestrada’ pelo solo nesses métodos. Portanto, o estudo mostra que o manejo adequado apresenta, na realidade, grande potencial para reduzir as emissões dos gases que contribuem com o aquecimento global.
A parceria da Aiba com a Fundação Solidaridad e o Land Innovation Fund ainda rendeu uma inédita ‘calculadora’ de balanço de carbono que é emitido e que é sequestrado pelas culturas de soja da região. Ou seja, o estudo rendeu uma metodologia para que o cálculo seja realizado, cujos critérios foram personalizados para as características naturais do Matopiba - a fronteira agrícola que envolve os estados do Maranhão, do Tocantins, do Piauí e da Bahia. O mecanismo ficará sob operação da Aiba.
A metodologia foi desenvolvida por um grupo de trabalho que contou com 68 participantes, entre parceiros locais e especialistas. Ao todo, quase 300 produtores e técnicos das fazendas foram visitados ou contatados, e 58 propriedades utilizaram a ‘calculadora’ no Oeste da Bahia.
Odacil Ranzi destacou que parcerias e estudos como esse serão mais necessários do que nunca para que a produção agrícola dê conta da procura por alimentos preservando o meio-ambiente. "Para atender essa demanda, o produtor rural tem se profissionalizado cada vez mais, com investimentos em pesquisas e tecnologias que possam garantir a eficiência e inovação no processo produtivo e mantendo a sustentabilidade dos recursos naturais, com técnicas e boas práticas agrícolas que permitam a conservação do solo e da água", acrescentou.
Ranzi também destacou que a "ampliação do cardápio de produtos que são cultivados na região demonstra o alto potencial produtivo para novas cadeias, a exemplo de proteína animal, da fruticultura, que aliada a técnicas como a irrigação permite aumentar o número de safras em uma mesma área, além de potencializar os resultados de produtividade".