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Tirar preservativo sem consentimento do parceiro pode se tornar crime no Brasil

Data:
Da redação

Remover, sem o conhecimento ou consentimento da outra pessoa, o preservativo antes ou durante o ato sexual terá pena de reclusão de seis meses a dois anos e multa, se o ato não constituir crime mais grave.

Tirar preservativo sem consentimento do parceiro pode se tornar crime no Brasil
Rovena Rosa/Agência Brasil

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara de Deputados decidiu que o ato de remover propositalmente o preservativo, sem o consentimento da parceira ou parceiro, seja incluído como crime no Código Penal. A prática conhecida como stealthing, que significa “furtivo”.  

O texto aprovado foi o substitutivo do deputado Felipe Francischini (União-PR) ao Projeto de Lei 965/22, do deputado Delegado Marcelo Freitas (União-MG). O projeto ainda depende de avaliação pelo Plenário. 

A proposta original estabelecia pena de reclusão de um a quatro anos. Francischini reduziu essa previsão. Assim, remover, sem o conhecimento ou consentimento da outra pessoa, o preservativo antes ou durante o ato sexual terá pena de reclusão de seis meses a dois anos e multa, se o ato não constituir crime mais grave.

Felipe Francischini: prática do stealthing tem de ser combatida Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados 

VIOLAÇÃO

Cada país interpreta o ato de forma diferente. Na Inglaterra, por exemplo, o stealthing é considerado estupro. No Brasil, não. Isso porque o crime de estupro prevê que o ato sexual deve ter acontecido mediante grave ameaça ou violência.

Francischini afirmou que a prática de stealthing é uma violação grave dos direitos fundamentais das pessoas. “Há muitos desdobramentos da prática do stealthing, tendo como principais a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis ou uma gravidez indesejada”, disse.

ESTUDO

Felipe Francischini também citou pesquisa de março de 2018 conduzida pelo professor Pedro Pulzatto Peruzzo, pesquisador da Faculdade de Direito da PUC-Campinas, com o objetivo de investigar o fenômeno do stealthing no Brasil. O estudo contou com a participação de 279 mulheres.

De acordo com os resultados, 21% das mulheres entrevistadas reconheceram a natureza ilícita dessa conduta, sendo que 13,6% afirmaram saber exatamente do que se trata o termo stealthing. Além disso, 9% das entrevistadas revelaram terem sido vítimas ou terem vivenciado isso. 

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