O Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), em Feira de Santana, é o primeiro no Brasil a utilizar o Apple Vision Pro, um óculos de realidade virtual, em uma neurocirurgia. A tecnologia, lançada nos Estados Unidos no segundo semestre de 2024, foi incorporada aos procedimentos neurocirúrgicos do hospital, com a primeira cirurgia realizada este mês.
A iniciativa faz parte de um projeto inovador coordenado pelo médico neurocirurgião Márcio Brandão, que vê na realidade virtual um avanço significativo no campo da neurocirurgia. “Estamos trazendo o que há de mais moderno fora do Brasil. Percebemos que essa tecnologia pode transformar a forma como realizamos nossas cirurgias, trazendo mais segurança e precisão para os procedimentos”, afirma.
A primeira utilização em cirurgia no HGCA foi conduzida pelo médico Leonardo Fraga, que utilizou o Apple Vision Pro para acompanhar o procedimento em tempo real e acessar informações essenciais do prontuário eletrônico do hospital, como exames de imagem e dados clínicos.
“Durante a cirurgia, consegui visualizar o prontuário eletrônico do HGCA, navegar pelo sistema AGHUse (Aplicativo de Gestão Hospitalar), observar exames como a ressonância magnética, dentre outros. Além disso, pude acompanhar o procedimento por meio de uma conexão com o microscópio cirúrgico, o que proporcionou uma imersão completa em um mundo virtual dentro da sala de cirurgia”, explica Fraga.
A paciente, uma mulher de 58 anos proveniente da região de Feira de Santana, foi diagnosticada com um tumor raro na base do crânio. O procedimento durou aproximadamente oito horas e envolveu uma equipe de mais de oito profissionais de saúde. O uso do Vision Pro permitiu uma integração inédita entre a tecnologia da Apple e o microscópio cirúrgico, algo nunca antes feito no mundo.
O médico Luís Soeiro, neurocirurgião especialista em tumores da base do crânio que também participou do procedimento, destaca os benefícios da inovação para os pacientes. “Esse projeto pode trazer grandes ganhos para nossos pacientes, pois durante cirurgias longas e complexas, temos acesso em tempo real a toda a história clínica e exames, o que pode nos ajudar a tomar decisões mais rápidas e precisas”, ressalta.