A oftalmologista Juliana Kowalski, especialista em córnea, ceratocone e refração, pensando no grande número de crianças que utilizam telas atualmente, faz alerta para os riscos do uso excessivo das mesmas para crianças com menos de cinco anos.
“A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que crianças com menos de dois anos não tenham acesso a telas, e, depois dessa idade, o uso deve ser controlado”, explica Dra. Juliana.
Nos primeiros cinco anos de vida, os olhos das crianças estão em pleno desenvolvimento. A exposição exagerada a telas pode prejudicar esse processo, pois “a córnea e o cristalino precisam se adaptar ao crescimento, e o uso excessivo pode aumentar o risco de miopia”, destaca a especialista.
Um estudo da Universidade de Hong Kong, publicado em 2016, mostrou que crianças que passam mais de 7 horas por semana em frente a telas têm maior chance de desenvolver miopia precoce. Isso acontece porque, ao usar celulares ou tablets muito perto dos olhos, o músculo que controla o foco se sobrecarrega, forçando o cristalino e fazendo a miopia aparecer mais cedo do que o esperado.
Estudos mais recentes, como o da American Academy of Pediatrics, publicado em 2020, reforçam que o uso excessivo de dispositivos eletrônicos pode afetar a saúde ocular e o desenvolvimento das crianças.
Além disso, a oftalmologista ressalta que o uso prolongado de telas diminui a lubrificação natural dos olhos.
“Quando nossos olhos estão relaxados, piscamos cerca de 15 a 16 vezes por minuto. Mas, ao usar telas, esse número pode cair para apenas 5 ou 6 vezes, resultando em ressecamento, irritação e vermelhidão”.
Juliana Kowalski destaca a importância de levar as crianças para exames oftalmológicos regulares, inclusive nas idades de 1, 3 e 5 anos.
“Essas são fases do desenvolvimento ocular. Mesmo que os pais não percebam problemas, o acompanhamento com o oftalmologista é muito importante para garantir que a visão da criança se desenvolva corretamente”, disse.