O consumo de cigarros eletrônicos entre adolescentes de 14 a 17 anos é cinco vezes maior do que o uso de cigarros tradicionais. É o que aponta um levantamento inédito realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em parceria com o Ministério da Saúde.
De acordo com o estudo, realizado em 2023 com mais de 16 mil entrevistados, 8,7% dos adolescentes afirmaram usar cigarros eletrônicos com frequência, enquanto apenas 1,7% faziam uso do cigarro convencional. O dado mais alarmante está na alta taxa de conversão: 76,3% dos jovens que experimentaram os vapes passaram a usá-los de forma regular.
Apesar da proibição da venda dos dispositivos eletrônicos para fumar no Brasil, o acesso segue facilitado. Segundo a pesquisa, quase 95% dos adolescentes declararam ter facilidade para comprar ou conseguir os vapes, mesmo com a restrição legal.
O alerta também se estende às consequências médicas. A pneumologista Fernanda Baccelli, do Hospital Oswaldo Cruz, destaca o aumento de casos de Evali (sigla em inglês para lesão pulmonar associada ao uso de cigarro eletrônico), uma inflamação pulmonar aguda grave. “A doença tem características muito semelhantes à Covid grave e pode levar à intubação e internação em UTI”, explica.