Tenente-coronel da Polícia Militar da Bahia, José Hildon Brandão Lobão negou qualquer ligação criminosa com o deputado estadual Kleber Cristian Escolano de Almeida, o "Binho Galinha". O oficial e outros policiais militares estão afastados das atividades após serem alvos de mais uma fase da "Operação El Patron", na última terça-feira (9). Nesta quinta, ele esclareceu que fez um negócio legal, envolvendo um terreno, com o parlamentar, em 2023.
"Tenho um sítio no distrito de São José. Todo sábado, paro em frente à uma lanchonete e coloco ali uma mesa. Eu tomo cerveja e vou para o sítio, ver meus bichos e ouvir meu som. Em um desses dias, passa o deputado Binho e me cumprimenta. Minha esposa tem um comércio de granito e móveis. Ela estava no ponto dela há mais de 23 anos e o locador pediu. Há máquinas grandes e ela não sabia para onde ir. O nosso sítio é inviável", explicou o oficial ao Portal do Casé.
"O deputado viu minha esposa agitada e falou: 'estou com débitos de campanha e estou me desfazendo de bens. Tenho um terreno no Novo Horizonte'. Lá, vi o terreno perfeito para o negócio dela. Chegamos ao valor de R$ 50 mil. Nós não tínhamos o dinheiro e dividimos em parcelas. Todo mês, pagávamos em espécie. Quitamos e fui no cartório. O terreno tinha um gravame no nome de Binho. Pagamos e ele passou o documento para a gente", completou Lobão.
O tenente-coronel, que hoje é lotado no Departamento de Polícia Comunitária e Direitos Humanos (DPCDH), ainda explicou que conheceu Kleber em 2022, enquanto ele comandava uma Companhia Independente (CIPM) em Feira de Santana.
"Conheci Binho, na campanha dele. Eu comandava a 67 CIPM. Diretores dele, de Feira, estavam nos distritos de Feira de Santana. Minha unidade cobria esses distritos. Ele fez contato comigo afirmando que era candidato e pedia liberação de carreatas, motociatas, cavalgadas e passeatas. Numa manifestação popular, tem que ser livre. A polícia não tem que barrar. Fiz isso para todos os candidatos. Ele vence e me liga para agradecer", relembrou.
"EL PATRON"
A operação, que coloca "Binho Galinha" como líder de um grupo que explora o jogo do bicho e agiotagem, já cumpriu 10 mandados de prisão preventiva, 33 mandados de busca e apreensão, bloqueio de mais de R$ 200 milhões das contas bancárias dos investigados e o sequestro de 26 propriedades urbanas e rurais, além da suspensão de atividades econômicas de seis empresas. A esposa de binho, Mayana Cerqueira da Silva, está presa.
Além de Lobão, outros quatro policiais militares tiveram as atividades suspensas pela Justiça por conta da operação de terça-feira. Além deles, outros três PMs já tinham sido presos: o subtenente Roque de Jesus Carvalho; além dos soldados Jackson Macedo Araújo Júnior e Josenilson Souza da Conceição.
O tenente coronel Lobão teve mandados de busca e apreensão em sua casa. "Comprei o terreno no mês de maio e a operação 'estoura' em dezembro. Como eu teria acesso à inveatigação? Como levanta suspeita sobre mim porque paguei alguma coisa em dinheiro. Como eu deveria saber dessa investigação? O delegado coloca busca e apreensão em minhas casas. Eles não acharam nada. O processo segue em segredo de Justiça", completou.