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Caso Márcio Perez: PM demite soldado acusado de matar empresário espanhol quase sete anos depois

Data:
Jean Mendes

O espanhol chegava em sua residência, acompanhado de uma amiga, quando o seu veículo, modelo Palio, começou a ser alvejado sem nenhum motivo

Caso Márcio Perez: PM demite soldado acusado de matar empresário espanhol quase sete anos depois
Márcio Pezez foi assassinado. Foto: redes sociais

A Polícia Militar da Bahia demitiu o soldado Maurício Correia dos Santos e mandou prender o colega dele, o também soldado Saulo Reis Queiroz. Ambos são acusados de, em serviço, assassinar o empresário espanhol Márcio Perez, em uma suposta perseguição policial que começou no bairro de Jardim Armação e terminou poucos metros depois, perto do Centro de Convenções de Salvador. O caso aconteceu na noite de 19 de setembro de 2018.

Acusação do Ministério Público da Bahia aponta que os policiais surpreenderam Márcio Perez com vários tiros. O espanhol chegava em sua residência, acompanhado de uma amiga, quando o seu veículo, modelo Palio, começou a ser alvejado sem nenhum motivo. A vítima ainda tentou escapar dos vários e seguidos disparos efetuados pelos policiais, mas foi perseguido e alvejado pelas costas. A mulher não ficou ferida.

O Portal do Casé teve acesso ao processo que determinou a demissão de Maurício a e prisão de Saulo. Vale lembrar que ele é apenas militar, ou seja, diferente do criminal, que ainda corre no Tribunal de Justiça da Bahia.

No depoimento do processo administrativo, a amiga de Márcio disse que, no dia do homicídio, eles comeram um lanche e foram para a casa do rapaz. Na chegada, ele teria percebido que um automóvel estaria lhe seguindo. Era a viatura da Polícia Militar. Os acusados, na época, estavam lotados na 58ª Companhia Independente, que cobre o bairro de Cosme de Farias, a quilômetros de onde o crime aconteceu.

Ainda no depoimento, a mulher informou que os policiais começaram a atirar. Para tentar fugir dos disparos, Márcio arrancou com o veículo, mas acabou se acidentando em um pequeno barranco após ser baleado na nuca. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu.

O QUE DIZEM OS ACUSADOS

No dia do assassinato de Márcio, os dois policiais faziam parte de uma guarnição comandada por uma capitã. No decorrer do processo, Maurício e Saulo deram versões parecidas sobre aquela noite. A dupla informou que a oficial pediu para ir à sua casa, no bairro da Pituba, e os liberou para fazerem a janta. Os soldados alegaram que, no deslocamento para o Imbuí, foram acionados com a informação de que homens em um carro branco estariam assaltando.

Os acusados argumentaram ainda que acharam o automóvel com as características indicadas e deram voz de parada ao condutor. Como não atendeu, eles dispararam em direção ao motorista, que perdeu a direção e se chocou contra o barranco.

A perícia, de acordo com o processo da Polícia Militar, atestou que os tiros que atingiram Márcio Perez saíram da pistola do soldado Maurício, embora o colega dele também tivesse deflagrado tiros. O documento não viu provas de que os soldados teriam realmente sido acionados com a informação de que homens em um Pálio branco estavam assaltando na região.

CRIME

Na Justiça comum, Maurício e Saulo foram presos cerca de 20 dias após os fatos, ficando custodiados por nove meses. Foram soltos em seguida, mas ficaram novamente presos por mais um ano. A prisão preventiva decorreu de cumprimento de mandado expedido pela Justiça, após a Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) acolher recurso impetrado pelo promotor de Justiça Luciano Assis.

A motivação para o assassinato nunca foi explicada formalmente pelo Ministério Público, mas a informação de que Maurício estaria com ciúmes de Márcio, porque ele teve um breve relacionamento com uma mulher, ex-namorada do PM. Foi essa mulher que estava com o espanhol no momento da ação. 

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