O Condomínio Splendor Reserva do Horto autorizou uma festa de aniversário, organizada por um dos inquilinos, menos de 24 horas depois do acidente em um elevador que matou os trabalhadores Ariston de Jesus, 61 anos, e Manoel Francisco da Silva, 54. O caso aconteceu na quinta-feira (14).
Testemunhas do caso entraram em contato com o Portal do Casé. Além de falarem da festa, afirmaram não ser a primeira vez que ocorrem incidentes com o elevador no local.
Um dos motivos principais da reclamação seria o andar onde a comemoração foi realizada, sendo o salão de festas a estrutura mais próxima de onde o elevador caiu.
"O primeiro espaço após o fosso, que foi onde o elevador caiu, é o salão de festas, onde foi realizada uma festa de 15 anos, feita por um inquilino para o sobrinho, que nem mora lá. Foi um grande desrespeito, menos de 24 horas depois de dois corpos serem retirados do lugar, a três metros do salão", contou a testemunha, sem querer se identificar.
A administração teria avisado ao morador, porém ele decidiu permanecer com a realização do evento.
Segundo a fonte, em outubro de 2020, durante a pandemia, uma situação com o equipamento já teria acontecido, onde o mesmo elevador da torre teria despencado cerca de cinco andares, em razão de cabos que teriam se rompido.
O acidente não deixou vítimas, já que os freios de emergência teriam sido acionados de forma correta.
Os elevadores são alvo de constantes manutenções, segundo a administração do condomínio. "A empresa precisa esclarecer a quantidade de vezes que ao elevadores apresentavam falhas. Eles eram acionados toda semana, para o elevador da frente, que é o social, e para o de trás, que é o de serviço. A quantidade de vezes que os elevadores apresentaram falhas não é normal", completou a testemunha.
"Já foi realizada uma reunião para mudar estes elevadores, mas nada foi feito. Esta não é uma discussão recente. Desde que o prédio foi entregue, em 2013, os elevadores são alvos e reclamações, apresentando muitas falhas. Sempre foi investido em manutenção, mas tem pessoas que nunca se sentiram seguras em usar o elevador", concluiu.
O Portal do Casé tentou entra em contato com a empresa responsável, mas, até a publicação desta matéria, não obteve retorno.
Outro ponto de destaque foi a demora para que o Ministério do Trabalho para averiguar os acontecimentos. Segundo a testemunha, auditores do MTE só se manisfestram sobre o caso cerca de 24 horas depois de que os corpos foram retirados, por meio de nota.
"Em todo acidente na Bahia, o primeiro órgão a aparecer é o Ministério do Trabalho. Lá, o MTE só se manifestou na sexta-feira de manhã, em pleno feriado", contou.
O prédio, quando ainda estava em construção, teria passado por três empreiteiras: uma, que teria iniciado as obras, outra que teria abandonado durante a construção, e a terceira, que entregou o edifício. Além disso, a última empreiteira também foi responsável por assumir contas do condomínio, como as despesas de água.
O condomínio, em nota, garantiu os equipamentos passavam por manutenção mensalmente e que vem prestando os esclarecimentos necessários as autoridades.
"Todos os equipamentos passam mensalmente por avaliações periódicas e por processo de manutenção preventiva, realizadas exclusivamente pela Atlas Schindler, e, segundo a empresa, estavam em perfeitas condições de operação no momento do ocorrido. A administração do condomínio vem prestando todos os esclarecimentos necessários à autoridade policial e aguarda a conclusão da perícia conduzida pela Polícia Civil da Bahia e pela própria Atlas Schindler para identificar a causa do acidente. Toda comunidade do condomínio está transtornada com o acontecimento e se solidariza profundamente com a dor das famílias das vítimas", declarou.
Assegurou ainda que os equipamentos estavam eu seu funcionamento pleno.
"Na última avaliação mensal de rotina realizada pela Atlas Schindler no dia 9 de novembro, o técnico responsável validou integralmente a segurança do equipamento. O comentário técnico disposto no laudo, segundo informação da própria empresa ao condomínio, refere-se ao serviço que foi realizado nesta visita e não se relaciona com risco de queda".
Sob suprevisão de Jean Mendes