Diversas representações diplomáticas estrangeiras, incluindo a Embaixada do Brasil, foram atacadas na capital da República Democrática do Congo (RDC), Kinshasa.
Em nota divulgada na noite desta terça-feira (28), o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) expressou “grave preocupação” com os incidentes e informou que os funcionários da embaixada brasileira estão bem.
O comunicado reforçou o “princípio básico da inviolabilidade das missões diplomáticas” e a responsabilidade do país anfitrião de garantir a proteção do pessoal e das instalações diplomáticas.
O Itamaraty também demonstrou confiança de que o governo congolês tomará as medidas necessárias para controlar a situação. Durante o ataque, a bandeira brasileira foi retirada e levada pela multidão, conforme informado pela diplomacia brasileira.
Em uma nota anterior, o governo brasileiro já havia manifestado apreensão com o aumento da violência no leste da RDC, especialmente na cidade de Goma. Também foi expressada preocupação com os ataques às tropas de missão da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, que resultaram na morte de 13 integrantes dessas missões. O Brasil, que tradicionalmente contribui para as operações de paz, atualmente participa com 22 militares.
O contexto desses ataques está relacionado à escalada do conflito na RDC, especialmente no leste do país, onde o grupo M23, que controla a cidade de Goma, está em confronto com as forças congolesas.
O controle da região é disputado devido à sua rica reserva de recursos minerais, como ouro e minerais essenciais para a produção de eletrônicos e baterias de veículos elétricos.
Em setembro de 2024, a ONU destacou que o comércio de minerais em Rubaya, no leste do país, representa mais de 15% do fornecimento global de tântalo, um mineral crítico para os Estados Unidos e a União Europeia.
A ONU, por meio de seu Conselho de Segurança, pediu o fim das ofensivas do M23, que, segundo a organização, estaria sendo financiado pelo governo de Ruanda — uma alegação ainda não confirmada ou negada pelo país vizinho.
A organização também criticou a violação do cessar-fogo e pediu o retorno à mesa de negociações para buscar uma solução pacífica para o conflito. A mediação da crise está sendo liderada pelo presidente de Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço, com apoio internacional.