O ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior, afirmou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira (21), que o general Antônio Freire Gomes, então comandante do Exército, ameaçou prender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) caso ele tentasse dar um golpe de Estado após a eleição de 2022.
A declaração contradiz o depoimento do próprio Freire Gomes, prestado na segunda-feira (19), quando negou ter feito qualquer ameaça. “Confirmo, sim. O general Freire Gomes foi calmo, mas disse claramente: ‘Se você tentar isso, eu vou ter que lhe prender’”, relatou Baptista Júnior.
Segundo ele, a fala ocorreu durante uma reunião no Palácio da Alvorada, na qual foram discutidas ações como Garantia da Lei e da Ordem (GLO), estado de defesa e estado de sítio. Baptista ressaltou que a ameaça foi feita de forma firme, mas sem agressividade.
O ex-comandante também relatou outra reunião, em 14 de novembro, quando o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, teria apresentado uma minuta com proposta golpista. Baptista disse que deixou o local ao perceber do que se tratava. “Perguntei se o documento previa impedir a posse do presidente eleito. Quando confirmaram, levantei e fui embora”, afirmou.
Baptista Júnior já havia prestado depoimento anteriormente, relatando reuniões com teor golpista. Ele foi arrolado como testemunha tanto pela Procuradoria-Geral da República (PGR) quanto pelas defesas de Bolsonaro, do ex-comandante da Marinha Almir Garnier e do próprio Paulo Sérgio Nogueira.
A oitiva estava inicialmente marcada para segunda-feira (19), mas foi adiada porque o militar estava fora do país.
