O rapper Oruam, nome artístico de Mauro Davi Nepomuceno, anunciou que pretende se entregar à polícia após ter a prisão preventiva decretada pela Justiça do Rio. Filho do traficante Marcinho VP, o artista está foragido desde a última segunda-feira (22), quando policiais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) cercaram sua casa no Joá, Zona Oeste da cidade, durante uma operação.
“Vou me entregar, tropa. Não sou bandido. Desculpa aí todo mundo que acha que errei. Vou dar a volta por cima e vou vencer através da minha música”, declarou o cantor em vídeo publicado nas redes sociais. “Ontem eu estava muito nervoso com tudo que aconteceu”, completou.

A Justiça determinou a prisão preventiva do artista pelos crimes de resistência qualificada, desacato, dano, ameaça e lesão corporal. Segundo o Tribunal de Justiça do Rio, a decisão considerou a gravidade das ações do rapper e o risco à ordem pública.
Confusão e confronto com a polícia
A operação da polícia civil foi desencadeada após a DRE receber informações de que um adolescente apontado como segurança do traficante Doca, um dos chefes do Comando Vermelho, estava escondido na residência de Oruam. Durante a abordagem, o jovem conseguiu fugir da viatura descaracterizada, enquanto o rapper e outros homens atacaram os agentes.
De acordo com a polícia, pedras foram arremessadas contra os policiais, e o grupo proferiu ameaças e insultos, alegando vínculo com Marcinho VP. “Tais elementos desceram e continuaram proferindo insultos e ameaças contra a equipe. Um deles, inclusive, citou ser filho de Marcinho VP, uma das principais lideranças do Comando Vermelho, como forma de intimidação”, informou a corporação.
Ainda durante o episódio, Oruam gravou vídeos insultando o delegado Moyses Santana, titular da DRE, e acusando abuso policial. “Claro que ele vai querer prender nós, porque nós é filho de bandido”, disse o rapper, em tom desafiador.
Após a confusão, Oruam fugiu para o Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio, onde gravou novos vídeos provocando as autoridades: “Eu quero ver você vir aqui. Me pegar aqui dentro do Complexo. Não vai me pegar, sabe por quê? Porque vocês peida”, afirmou.
Em sua defesa, Oruam alegou que agiu em resposta a abusos policiais. “Só atirei pedras depois que colocaram fuzis na minha cara. Meu produtor foi algemado sem motivo. Essa ação violenta destruiu nossos pertences e causou sofrimento desnecessário”, afirmou em nota.
“Marginal da pior espécie”, diz secretário de polícia
O secretário de Polícia Civil do Rio, Felipe Curi, classificou o rapper como “marginal da pior espécie” e afirmou que ele será indiciado por associação para o tráfico, apontando ligações diretas com o Comando Vermelho.
“Se alguém tinha dúvida se era um marginal ou um artista periférico, está claro: é um marginal”, afirmou Curi em entrevista à TV Globo.
Segundo a Justiça, a residência do rapper já foi utilizada diversas vezes como esconderijo de criminosos foragidos. Em sua decisão, o juiz destacou que as postagens de Oruam incentivam a resistência violenta e a desobediência às autoridades.
“A liberdade do investigado permite a continuidade de condutas criminosas. Sua fuga ao Complexo da Penha demonstra desprezo pelas determinações da Justiça e intenção clara de se furtar à aplicação da lei”, diz trecho do despacho.
O caso segue em investigação pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes.