Tancredo Neves Lacerda Feliciano de Arruda, o homem suspeito de matar a delegada da Polícia Civil Patrícia Neves Jackes Aires, já tinha histórico de violência doméstica, inclusive contra a própria policial. Apuração do Portal do Casé aponta que, inclusive, a ex-companheira do rapaz tinha uma medida protetiva contra ele. O homem está preso desde domingo (11), quando o corpo de Patrícia foi achado dentro de um carro.
Tancredo era médico por formação, mas não era registrado no Conselho Regional de Medicina. Isso porque não tinha sido aprovado no Revalida, exame obrigatório para quem cursou medicina em outros países. Mesmo assim, chegou a trabalhar em uma maternidade, no município de Queimadas, Nordeste da Bahia. Foi lá que, em 2023, foi denunciado por ameaça contra uma mulher, mãe da filha dele. O nome dela será preservado.
Na época, o juiz Matheus Oliveira de Souza proibiu o médico de se distanciar da mulher, por 200 metros; e de manter contato com a vítima, seus familiares e testemunhas, por qualquer meio de comunicação. Em abril deste ano, houve pedido de renovação, assinado pelo juiz Armando Duarte Júnior. "Defiro o pedido de prorrogação das medidas protetivas de urgência deferidas por mais seis meses", escreveu.
O irmão de Patrícia Neves, a delegada assassinada, disse que o relacionamento entre ambos era marcado por agressões. A agente de segurança pública, inclusive, também já teria uma medida protetiva contra o médico, mas acabou reatando o noivado.
“Eu sei das histórias dele. Minha mãe quase todo mês ficava com ela, o filhinho dela, já que lá é mãe solo. Esse rapaz arrumou confusão com meu padrasto, bateu no senhor, de 65 anos. Ela mandou fotos para gente na época de uma agressão. Patrícia colocou medida protetiva, mas infelizmente voltou pra esse rapaz, e aconteceu o que aconteceu agora”, relembrou Rafael Jackes, ao Blog do Valente.
Tancredo responde a processos por falsidade ideológica e exercício ilegal da profissão. Ele também já chegou a ser preso por desacato.
CRIME
O corpo da delegada foi encontrado na madrugada de domingo (11), em uma área de mata próxima às margens da BR-324, na Região Metropolitana de Salvador. O noivo infirmou que ela teria sido sequestrada na BR-101, nas proximidades da cidade de Sapeaçu. Por volta das 3h58, a Polícia Militar foi acionada pelo próprio suspeito, que informou que o veículo havia sido roubado e os bandidos teriam feito o casal de refém.
O suspeito alegou que ele a a noiva saíram de Santo Antônio de Jesus. Na BR, os sequestradores roubaram o veículo, e o deixaram na BR-324, próximo ao Posto Fênix, onde ele conseguiu pedir ajuda à Polícia Rodoviária Federal (PRF) e à concessionária Via Bahia.
A Polícia Civil desconfiou da história e obteve elementos para comprovar que não houve sequestro. Investigadores da 4ª Coordenadoria de Polícia Civil do Interior (Coorpin/Santo Antônio de Jesus) apuram se Tancredo assassinou a delegada em casa e tentou deixar o corpo às margens da BR-324. Ele nega veementemente o feminicídio. Laudos periciais devem apontar o que efetivamente aconteceu.