A polícia da Bahia foi a que mais matou em 2023, em comparação com as forças de segurança de outros oito estados. É o que aponta o boletim "Pele Alvo: Mortes Que Revelam Um Padrão", da Rede Observatórios de Segurança Pública. Foram 1.702 casos, segundo o estudo.
O relatório não faz distinção entre ações de Polícias Militar ou Civil. Foram levadas em consideração mortes em decorrência de intervenção policial na Bahia, Amazonas, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo. O estado baiano é o único que registrou mais de mil situações.
A população negra, segundo a Rede Observatórios, representou 94,6% do total de mortes. A polícia da Bahia foi a responsável por 47,5% destes casos. A juventude também faz parte do perfil mais vitimado: 62,0% dos mortos tinham entre 18 e 29 anos e 102 jovens de 12 a 17.
Salvador é a cidade que mais registrou ocorrências deste tipo: 458. Em seguida, surgem Feira de Santana (78), Jequié (74), Eunápolis (33), Camaçari (32) e Porto Seguro (29).
"Ano após ano, vemos a reafirmação de que a violência da polícia tem cor, idade e endereço. São milhares de jovens negros, muitos que nem chegaram a atingir a maioridade, com suas vidas ceifadas sob a justificativa de repressão ao tráfico de drogas", diz coordenadora da Rede de Observatórios, Silvia Ramos.
"Não é aceitável nem justificável a morte de uma pessoa negra a cada quatro horas pelas mãos de agentes de uma instituição que deveria zelar pela vida. Nosso objetivo ao ressaltar esses dados é denunciar a urgência de um debate público acerca do racismo na segurança e incentivar o desenvolvimento de políticas públicas que mudem o rumo desta realidade", completa Silvia, que é cientista social.
O segundo estado mais violento quando o assunto é morte em decorrência de ação policial em 2023 foi o Rio de Janeiro (871). Em seguida, aparece o Pará (530), seguido de São Paulo (510), Ceará (147), Pernambuco (117), Maranhão (62), Amazonas (59) e Piauí (27).