Gustavo, Daniel, Carlos, Menandro. Esses são quatro nomes comuns, mas que, hoje, se encontram numa triste realidade na Bahia: de pessoas mortas por um gesto que remete facções criminosas. Esses símbolos, muitas vezes, podem ser feitos de forma inocente nas redes sociais por jovens e adolescentes. Por isso, devem ser motivo de preocupação e vigilância constante dos pais.
As duas últimas vítimas foram Gustavo Natividade, 15 anos, e Daniel Natividade dos Santos. Na segunda-feira (7), os dois garotos foram assassinados em Arembepe, Camaçari, Região Metropolitana de Salvador. Extraoficialmente, a Polícia Civil acredita que uma pose, com sinais remetendo à facção criminosa Bonde do Maluco, pode ter motivado a ação.
Além dos dois mortos, outras duas pessoas ficaram feridas. Na imagem divulgada na rede social, aparecem três meninos e uma menina. Eles registram o momento de um passeio turístico em Arembepe. O grupo saiu do bairro de Itapuã, em Salvador. A região de Camaçari onde a tentativa de chacina aconteceu é dominada pela facção criminosa Comando Vermelho.
OS GESTOS
Uma foto com dois dedos para cima e que um dia significou o "V", da vitória, ou "paz e amor", no atual cenário de violência pode ser interpretado como apoiadores da facção criminosa Comando Vermelho. Oriunda do Rio de Janeiro, se espalhou pela Bahia e tem forte atuação em bairros de Salvador, como Nordeste de Amaralina e parte de Tancredo Neves.
Já usar as mão fazendo um três, independente da posição, pode dar margem à falsa interpretação de que quem pousou dessa forma seja integrante do Bonde do Maluco, com forte atuação também em todo o estado baiano, a exemplo da região de Cajazeiras, na capital. No caso de Arembepe, todos os jovens faziam a simbologia, conscientemente ou não, do BDM.
O risco na sobrancelha que, para alguns, pode ser meramente estético, no meio do crime, pode ser uma forma de demonstrar lealdade a um grupo criminoso.
Coronel aposentado da Polícia Militar da Bahia e ex-chefe do Comando de Operações Policiais Militares, Humberto Sturaro orienta que pais e mães fiquem mais atentos quanto aos filhos.
"Independente de quem sejam essas pessoas ou não a morte ocorreu por conta de uma foto. Hoje você não tem mais liberdade de se expressar com as mãos. Hoje para dizer paz e amor tem que pensar duas vezes. O crime está tomando conta do estado e as facções não perdoam. Elas usam o instinto selvagem, maligno, por qualquer motivo que seja", disse ao Portal do Casé.
Em vídeo gravado para a reportagem, ele reforça as dicas aos pais sobre como orientar os filhos.
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CASOS
Em outubro do ano passado, Carlos Rainer estava passeando na região da Gamboa, em Salvador, quando postou uma fotografia. Em uma das mãos, sinal de uma facção. No Instagram, fotos com armas. Foi o suficiente para membros do Comando Vermelho invadirem o local onde ele estava e o sequestrarem. Parte do corpo dele foi achado semanas depois.
Até hoje, o Instituto Médico Legal de Salvador não confirmou que parte do corpo achada, no mar, era ou não de Carlos Rainer.
