Astrônomos identificaram um fenômeno inusitado em nossa galáxia. Um objeto desconhecido localizado na Via Láctea está emitindo, de forma sincronizada, raios X e ondas de rádio — um comportamento nunca antes registrado com essa precisão.
A descoberta foi publicada nesta quarta-feira (28) na revista científica Nature e vem chamando a atenção da comunidade científica internacional. Segundo os pesquisadores, o objeto emite sinais em ciclos de 44 minutos durante seus períodos de maior atividade. O comportamento foi observado por cerca de um mês, quando as emissões de raios X foram detectadas acidentalmente pelo Observatório de Raios X Chandra, da Nasa, enquanto investigava os restos de uma supernova.
Batizado de ASKAP J1832−091, o objeto está localizado a cerca de 15 mil anos-luz da Terra, em uma região densamente povoada por estrelas, gás e poeira. De acordo com Ziteng Andy Wang, da Universidade Curtin, na Austrália, o corpo celeste pode ser uma estrela morta altamente magnetizada, como uma estrela de nêutrons ou uma anã branca, ou, quem sabe, algo completamente novo.
"Estamos diante de duas possibilidades: ou descobrimos um tipo de objeto nunca visto, ou estamos observando um comportamento totalmente inédito de algo já conhecido", afirmou Wang, principal autor do estudo.
Essa é a primeira vez que os cientistas registram a emissão de raios X por um chamado “transiente de rádio de longo período”, nome dado a objetos que alternam sinais de rádio em ciclos longos, geralmente de dezenas de minutos. Fora do período de atividade intensa, o ASKAP J1832−091 ficou praticamente invisível, o que sugere a existência de outros corpos semelhantes ainda não detectados.
A distância exata do fenômeno ainda não é totalmente confirmada, e os cientistas não sabem dizer se ele tem relação direta com a supernova observada no mesmo campo de visão. Para se ter uma noção, um ano-luz equivale a cerca de 9,5 trilhões de quilômetros.