No último dia da cúpula do Brics no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (7), os líderes do grupo defenderam mais financiamento dos países desenvolvidos para o combate às mudanças climáticas. A declaração conjunta reforçou que a responsabilidade pela mitigação das emissões de gases de efeito estufa deve ser assumida pelas nações mais ricas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou o protagonismo do sul global na luta contra o aquecimento global, em um momento em que o Brasil se prepara para sediar a cúpula do clima da ONU, em novembro. Apesar do tom crítico, o bloco reconheceu que os combustíveis fósseis ainda terão papel relevante nas economias em desenvolvimento.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que, mesmo diante de contradições, há disposição para enfrentá-las, ao comentar sobre os planos de exploração de petróleo na costa amazônica.
O grupo também manifestou apoio ao fundo proposto pelo Brasil para proteger florestas tropicais — o Tropical Forests Forever Facility —, uma alternativa de financiamento climático que complementa as obrigações do Acordo de Paris. China e Emirados Árabes já indicaram interesse em investir na iniciativa.
Na mesma nota, os Brics criticaram medidas ambientais da União Europeia, como taxas de carbono e leis contra o desmatamento, classificando-as como “protecionismo disfarçado”.
Críticas aos EUA
A cúpula também serviu como plataforma para críticas à hegemonia ocidental nas instituições multilaterais. Em seu discurso, Lula comparou o Brics ao Movimento Não-Alinhado da Guerra Fria e alertou: “Com o multilateralismo sob ataque, nossa autonomia está novamente em xeque”.
A reunião marcou a estreia da Indonésia como membro do bloco, ampliando o Brics para 11 países que juntos somam 40% da produção global. No entanto, persistem divergências internas: apenas China e Rússia apoiaram oficialmente a inclusão de Brasil e Índia no Conselho de Segurança da ONU.
Os líderes também condenaram ataques militares a Gaza e ao Irã, mas não chegaram a um consenso sobre a reforma do sistema de governança global. O presidente chinês Xi Jinping não compareceu, sendo representado pelo premiê Li Qiang, o que reduziu o peso político do encontro.