Para debater os impactos e desafios gerados pelo monocultivo do eucalipto no Recôncavo da Bahia, as comunidades tradicionais e quilombolas realizam dias 23 e 24 de setembro, no Campus da UFRB e na Câmara de Vereadores de Cachoeira, respectivamente, o seminário “Eucalipto: impactos e desafios para o Recôncavo da Bahia”.
A iniciativa acontece em parceria com o Conselho Pastoral de Pescadores e Pescadoras da Bahia-Sergipe (CPP Ba-Se), a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais da Bahia (MPP-Ba), a Campo - Cultura, Ambiente e Território, e a Articulação Nacional de Quilombos (ANQ).
Vale pontuar que, o eucalipto é a principal árvore cultivada para fins comerciais na Bahia, sendo que, no setor de base florestal, o estado ocupa o quarto lugar no ranking brasileiro de produção.
Dentre os principais impactos do Eucalipto nesta região está a insegurança hídrica. Para sua manutenção, esta espécie de vegetação exige uma grande quantidade de água do solo, pois possuem raízes longas, o que tem levado a seca de alguns rios e nascentes que abastecem as comunidades adjacentes.
A monocultura do eucalipto tem sido um dos grandes males que tem atormentado e adoecido as comunidades tradicionais.
“Temos o chamado de câncer do Recôncavo. Mata a Mata Atlântica e ameaça as comunidades. Alguns empresários e fazendeiros têm ameaçado as comunidades para conseguirem mais terras dentro de território quilombola. Diversas empresas, seguem arrendado terras e expandindo- se. Impactam as comunidades desde o desabastecimento de água, adoecimento por contaminações, ameaças e tentativas de expulsão dos seus territórios”, declara o Conselho Pastoral de Pescadores e Pescadoras da Bahia-Sergipe.
Programação
O seminário trará essas e outras análises referentes ao eucalipto na região. No dia 23 de setembro, no Campus da UFRB, o seminário começa às 14h, com uma mesa de abertura com representantes das instituições realizadoras.
Logo depois, haverá falas sobre a “Conjuntura do Monocultivo de Eucalipto e Celulose no Brasil e na Bahia” e “O Avanço do Eucalipto no Recôncavo”, numa mesa com representantes do Grupo de Pesquisa Geografar da Universidade Federal da Bahia, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e de representantes das comunidades tradicionais.
Após essa mesa, serão formados grupos de trabalho para a elaboração de um documento que exponha um “Diagnóstico, situação e impactos do Monocultivo de Eucalipto nas comunidades do Recôncavo”, evidenciando os impactos, efeitos e consequências para a organização e segurança das comunidades, além de investigar como têm atuado os órgãos ambientais.
No segundo dia, o evento ocorre na Câmara Municipal de Vereadores de Cachoeira, a partir das 08h30 até 12h, com a mesa aberta aos órgãos convidados - INEMA, SEMA, ICMBIO, MPF, DPE, DPE, SEPROMI. Nela, as comunidades tradicionais, quilombolas e pesqueiras querem saber informações sobre processos de Licenciamento e providências dos órgãos acerca dos Impactos e avanços do monocultivo de Eucalipto no Recôncavo Baiano.
Já no período da tarde, o objetivo é a elaboração de estratégias de denúncias e enfrentamentos.