A partir das 13h desta segunda-feira (6), o Museu Nacional da Cultura Afro-brasileira (Muncab) reabre ao público com a premiada exposição “Um Defeito de Cor”, dando seguimento ao Novembro Salvador Capital Afro. Como parte deste momento, a autora do livro homônimo que inspira a exposição, Ana Maria Gonçalves, irá realizar uma roda de conversa gratuita, às 16h30, no segundo piso do Muncab, para falar sobre a obra. Na semana de reabertura do museu, até o dia 12, o acesso será gratuito e os ingressos já podem ser retirados através do link, assim como para a palestra de Ana Maria Gonçalves.
A reabertura do Muncab integra a programação do Novembro Salvador Capital Afro, iniciativa da prefeitura de Salvador para celebrar e valorizar a ancestralidade e cultura afro-baiana que constituem a cidade mais negra fora da África. Com cerca de 370 obras de mais de 100 artistas do Brasil e do mundo, “Um Defeito de Cor” chega a Salvador após estreia no Museu de Arte do Rio, que recebeu cerca de 165 mil pessoas nos 11 meses em que esteve em exibição. A exposição conta a história de Kehinde, uma africana escravizada que, após muitas adversidades, consegue sua liberdade e parte em busca do filho.
Cintia Maria, diretora do museu, afirma que a reabertura do Muncab em parceria com a Prefeitura de Salvador é parte do compromisso de continuar preservando o patrimônio material e imaterial da cultura afro-brasileira. “Estamos promovendo a discussão sobre a herança afro-diaspórica e a importância da representatividade na sociedade atual. É um convite para entender e valorizar o tecido diversificado que compõe o Brasil, de modo a nos fortalecermos como sociedade. Celebramos a diversidade, mas também reconhecemos as injustiças e as desigualdades que persistem”.
Na roda de conversa, que será mediada por Chicco Assis, diretor de Patrimônio e Equipamentos Culturais da Fundação Gregório de Mattos (FGM), o público terá a oportunidade única de conhecer a fundo a história do livro, considerado um marco na literatura afrofeminista. “A reabertura do Muncab é um marco importante para o fortalecimento das memórias afro-soteropolitanas, do legado que deixaremos para as gerações vindouras. Ter a exposição e a escritora Ana Maria Gonçalves entre nós provoca uma ampla reflexão: que outras histórias dos nossos Brasis ainda precisam ser contadas para anular a visão do patriarcado branco eurocêntrico que ainda hoje insiste em ser equivocadamente imposta nos livros, nas escolas, na mídia?”, provocou Chico.
Ainda na programação de reabertura do Muncab, Wole Soyinka, primeiro escritor negro vencedor do Nobel de Literatura irá participar do talk “A consciência do escritor”, às 15h. Ao lado da também escritora e pesquisadora Camila Apresentação, a palestra irá abordar o papel do escritor num mundo turbulento. O talk já está com ingressos esgotados e é a última atração do Festival Liberatum em Salvador.