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Conheça a história do baiano de 12 anos que comprou um notebook com dinheiro de venda de picolé: 'Minha conquista'

Data:
Jean Mendes

Kaynã Tharsio Lessa dos Santos é morador de Madre de Deus, na Região Metropolitana de Salvador

Conheça a história do baiano de 12 anos que comprou um notebook com dinheiro de venda de picolé: 'Minha conquista'
Arquivo pessoal

Ele tinha uma caixinha de isopor e um sonho: comprar um notebook. Esse é o resumo da história do pequeno Kaynã Tharsio Lessa dos Santos, de 12 anos. Morador de Madre de Deus, na Região Metropolitana de Salvador, ele juntou R$ 2.500 vendendo picolé nas ruas e comprou seu primeiro computador. Foram quatro meses - entre setembro e janeiro - economizando, suando e batalhando, em uma luta diária que, sem ser obrigado, o menino travou para ir atrás do sonho.  

"A maior dificuldade que passo é sair, todos os dias, por conta do sol. Tenho que passar ainda por pessoas mal-educadas, ignorantes. Passo ainda por pessoas que querem ouvir minha história, outros não [...] Eu ando muito todos os dias, afinal não tenho porte físico para carregar o peso todos os dias. O bom de passar por isso foi minha conquista, meu notebook", resume Kaynã, em entrevista ao Portal do Casé. Ele ainda faz questão de agradecer a todos os clientes. 

Mesmo sem se desviar do foco, ao final de alguns desses dias, o garoto ainda separava um pouco do dinheiro para comprar lembranças para a irmã pequena. O conforto para a família, inclusive, é prioridade. Filho do marinheiro Cléber Oliveira e de Ilma Queiroz, o jovem tem mais ideias: "Eu tenho o sonho de comprar um celular melhor, e também de trazer um conforto a mais para meus pais, com uma casa ampla, para minha irmã brincar mais".

Foi o pai, Cléber, quem levou o filho para comprar o computador, em fevereiro. Orgulhoso, ainda em casa gravou um vídeo do menino com todo o dinheiro levantado pela venda dos picolés. "Hoje vou ter minha primeira conquista, com meu trabalho. Nunca precisei de nada, sempre meus pais me deram o que preciso, mas hoje vou conseguir minha conquista com meu trabalho", disse o jovem nas imagens. Depois, a família foi até uma loja.

O adolescente, cerca de um mês depois, conseguiu comprar um celular, usado. É que os pais se preocupam com ele durante a rotina de vendas.

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LIÇÃO

Cléber, pai de Kaynã Tharsio, nunca teve uma vida fácil. Viveu nas ruas, se entregou às drogas e, graças ao trabalho, conseguiu se reerguer. É nessa vontade de trabalhar que o adolescente de 12 anos se espelha.

“Meu pai sempre me ensinou a trabalhar, mas me envolvi com questões de drogas. Foram momentos difíceis na minha vida. Fui dependente químico, usava crack. Por essa experiência, sempre venho orientando meu filho desde pequeno. Não tenho sábado e domingo. Sempre fui de trabalhar de domingo a domingo. Tenho, na verdade, um dia na semana para minha família. Imagine, um cara que veio da rua, vivia de esmola e hoje tem um carrinho, uma casa e um barco, por conta do trabalho”, relembra Cléber.

"Venho orientando Kaynã que tudo vem debaixo da honestidade, que não se pega nada dos outros. Nada que venha se ferir o caráter. E nisso, ele vem aprendendo. Quando ele completou nove anos, começou a insistir a trabalhar. Sei que ele tem vários sonhos. O homem precisa conquistar tudo por meio de trabalho. Droga, tráfico e roubo não são os caminhos", completa.

Para finalizar, Kaynã manda um recado: “Quero aconselhar os jovens: sempre escutem os conselhos dos seus pais. Se estão falando, não é querendo seu mal. Eles querem sempre que você melhore, em um caminho de sucesso. Tudo que você sonha, se conquista com trabalho. Tudo tem que vir com suor, com trabalho. Todo trabalho é digno”. 

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