O Brasil registrou uma redução de 32,4% no desmatamento em 2024, em comparação com o ano anterior. Os dados são do Relatório Anual do Desmatamento (RAD), divulgado nesta quinta-feira (15) pela rede MapBiomas. Apesar da queda expressiva, o país ainda perdeu mais de 1,2 milhão de hectares de vegetação nativa ao longo do ano.
A média diária de desmatamento foi de 3.403 hectares, o equivalente a cerca de 141 hectares por hora. O pico ocorreu no dia 21 de junho, quando 3.542 hectares foram devastados em apenas 24 horas.
O levantamento mostra que cinco dos seis biomas brasileiros apresentaram queda nas taxas de desmatamento. O Pantanal liderou a redução proporcional, com menos 58,6%, seguido pelo Pampa (-42,1%), Cerrado (-41,2%), Amazônia (-16,8%) e Caatinga (-13,4%). A Mata Atlântica foi a única a registrar aumento, com crescimento de 2%, atribuído a eventos climáticos extremos.
Mesmo com a retração, o Cerrado permanece como o bioma mais desmatado do Brasil, com 652 mil hectares destruídos em 2024 — cerca da metade do total nacional. A agropecuária segue como a principal causa, sendo responsável por mais de 97% da perda de vegetação nativa nos últimos seis anos.
A região do MATOPIBA — que abrange os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia — concentrou 75% do desmatamento no Cerrado e 40% da devastação nacional. O Maranhão liderou entre os estados, com 218 mil hectares devastados, seguido por Pará, Tocantins, Piauí e Bahia, esta última com 133.334 hectares perdidos.
Entre os municípios, São Desidério (BA) e Balsas (MA) ocupam as primeiras posições em área desmatada, com Lábrea (AM) logo atrás. O relatório também chama atenção para o aumento expressivo no Rio Grande do Sul (70%) e no Acre (31%), impulsionado por eventos climáticos severos.
Segundo o MapBiomas, a queda geral pode estar relacionada à implementação de planos de combate ao desmatamento em todos os biomas, ao reforço nas ações de fiscalização por estados e ao uso de dados ambientais para liberação de crédito rural.