Depois de mais de duas décadas de espera, o Grand Egyptian Museum (GEM) finalmente abriu suas portas por completo nos arredores do Cairo, com vista direta para as pirâmides de Gizé. O espaço é o projeto cultural mais ambicioso do Egito moderno e o maior museu do mundo dedicado a uma única civilização.
A inauguração encerra um longo processo marcado por anos de planejamento, crises políticas, entraves financeiros e atrasos provocados pela pandemia.
A ideia do novo museu surgiu ainda nos anos 1990, quando o governo egípcio decidiu reunir em um só espaço o vasto acervo arqueológico espalhado por diferentes instituições. A pedra fundamental foi lançada em 2002, e as obras começaram em 2005. O investimento total ultrapassa US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,3 bilhões), em um terreno de 470 mil metros quadrados.
Na área externa, uma praça de 30 mil metros quadrados abriga um obelisco de 16 metros de altura e 87 toneladas, erguido durante o reinado do faraó Ramsés II. Logo na entrada, o visitante é recebido por outra peça monumental: uma estátua de Ramsés II com 11 metros de altura e 83 toneladas, restaurada e transportada especialmente para o novo endereço.
O interior do GEM conta com 12 galerias temáticas, que conduzem o visitante por cinco mil anos de história, do Egito pré-dinástico ao período greco-romano. O projeto arquitetônico valoriza a escala monumental dos objetos, com iluminação natural controlada e perspectivas abertas para o deserto.
O acervo do museu ultrapassa 100 mil artefatos, sendo 50 mil exibidos em mostras permanentes. O grande destaque é a coleção completa de Tutancâmon, com mais de 5.000 objetos exibidos juntos pela primeira vez. Entre eles estão o trono dourado, as joias, as carruagens e a máscara mortuária do jovem faraó, descoberta quase intacta no Vale dos Reis, em 1922, pelo arqueólogo britânico Howard Carter.
Outro ponto de interesse é o conjunto das barcas solares de Quéops, embarcações funerárias em madeira que simbolizavam a travessia do faraó para a eternidade. Uma delas foi desmontada e levada peça por peça ao novo museu, em uma operação de alta precisão com monitoramento tridimensional e sistemas de amortecimento de vibração.
A exposição permanente ocupa 24 mil metros quadrados, e o complexo inclui ainda galerias temporárias, museu infantil, auditórios, lojas, cafés, jardins e laboratórios de conservação.
Os ingressos variam conforme a idade e nacionalidade do visitante. Atualmente, estrangeiros adultos (acima de 25 anos) pagam 1.450 libras egípcias, cerca de R$ 165, e podem optar por visitas guiadas em inglês ou árabe por 1.950 libras egípcias (R$ 222).