A Festa da Boa Morte, em Cachoeira, no Recôncavo Baiano, ganhou um significado especial neste ano. A Irmandade da Boa Morte recebeu do Governo Federal o título de Promotora da Igualdade Racial.
A cerimônia aconteceu na sexta-feira (15), com a presença da primeira-dama Janja da Silva, da primeira-dama da Bahia, Tatiana Velloso, além de ministras e secretários de Estado.
Criada no século XVII em Salvador e transferida para Cachoeira, a tradição afro-católica é conduzida exclusivamente por mulheres negras. Segundo a provedora Irmã Neci Santos Leite, há 17 anos na Irmandade, o papel histórico do grupo foi garantir dignidade às pessoas vulneráveis e manter viva a luta pela liberdade.
“É o nosso reconhecimento de uma alforria. Pessoas escravizadas não tinham direito a uma morte digna, eram jogadas em valas. Nossa busca sempre foi por dignidade e liberdade”, afirmou.
Na programação, dona Dalva, sambista tradicional da cidade, recebeu o Prêmio do Ministério da Cultura e foi anunciada como provedora da Festa em 2026. Também foram confirmadas obras do PAC Cidades para a Casa de Samba da sambista e para o Terreiro Ilê Axé Icimimó, que recebeu ainda uma placa de tombamento do Iphan.
Cachoeira aderiu ao Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir) e à política federal de Povos de Terreiro, junto com outras 12 prefeituras.
“A Festa da Boa Morte tem grande importância por tudo que já entregou à sociedade, inclusive a compra da liberdade de pessoas escravizadas. É um movimento de mulheres defendendo a liberdade e os direitos humanos”, destacou a ministra da Cultura, Margareth Menezes.
O evento segue até domingo (17), com sambas de roda, missas, procissões e atividades de valorização do empreendedorismo negro na cidade.
