O ex-presidente do Uruguai, José "Pepe" Mujica, morreu nesta terça-feira (13) aos 89 anos. A informação foi confirmada pelo atual presidente, Yamandú Orsi, que classificou Mujica como "líder, ativista e querido companheiro". Mujica havia revelado, em abril, que enfrentava um câncer no esôfago em estágio avançado, além de uma doença autoimune que comprometia os rins.
Nascido em Montevidéu, em 1935, Mujica teve trajetória marcada pela militância. Nos anos 1960, integrou a guerrilha Tupamaros, conhecida por ações de assalto a bancos e redistribuição de recursos à população pobre. Foi preso, ferido em combate, e passou 14 anos na prisão, sob tortura e isolamento durante a ditadura militar.
Libertado em 1985 com a anistia, entrou para a política institucional e ajudou a fundar o Movimento de Participação Popular (MPP). Foi eleito deputado em 1994, senador em 1999 e ministro da Agricultura em 2005, no governo de Tabaré Vázquez.
Chegou à Presidência em 2010. Durante seu mandato, o gasto social cresceu significativamente e o salário mínimo teve alta de 250%. Em 2012, propôs a legalização da maconha, medida pioneira que foi aprovada no país.
Ficou conhecido por seu estilo de vida simples: morava em um sítio, dirigia um Fusca 1987 e doava boa parte do salário para projetos sociais. Deixou a política em 2020, por motivos de saúde, e passou os últimos anos cultivando uma horta. Ateu declarado, dizia se considerar “quase panteísta”, por sua admiração pela natureza.