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Morre Mãe Carmem, ialorixá do Terreiro do Gantois, aos 98 anos

Data:
Antonio Dilson Neto

Filha de Mãe Menininha, ialorixá comandava o terreiro desde 2002

Morre Mãe Carmem, ialorixá do Terreiro do Gantois, aos 98 anos
Reprodução/Redes Sociais

Morreu na madrugada desta sexta-feira (26), Mãe Carmem, ialorixá que esteve por mais de duas décadas à frente do Ilé Ìyá Omi Àṣẹ Ìyámase, o tradicional Terreiro do Gantois, fundado em 1849, em Salvador.

Filha mais nova de Mãe Menininha do Gantois, uma das maiores referências do candomblé no Brasil, Mãe Carmem estava internada há cerca de duas semanas no Hospital Português, na capital baiana, após complicações causadas por uma forte gripe. Nascida em 1926, ela teve o registro feito dois anos depois e completaria 99 anos na próxima segunda-feira, dia 29.

À frente do Gantois desde 2002, Mãe Carmem foi a quinta ialorixá da história do terreiro, um dos mais antigos e simbólicos da religião de matriz africana no país. Iniciada no candomblé ainda criança, aos 7 anos de idade, tornou-se uma guardiã da tradição religiosa, cultural e ancestral negra no Brasil e no mundo.

Além da liderança espiritual, Mãe Carmem também se destacou pela atuação social e cultural. No Gantois, incentivou ações socioeducativas junto à comunidade e promoveu iniciativas voltadas à preservação da memória da religiosidade afro-brasileira, com cursos de ritmos e toques, dança, bordados tradicionais e outras práticas culturais.

O reconhecimento extrapolou os limites da religião. Em maio de 2010, ela recebeu da Unesco a Medalha dos 5 Continentes ou da Diversidade Cultural, em razão de sua atuação em defesa do diálogo inter-religioso. Já em 2023, foi homenageada com a Comenda Maria Quitéria, concedida a mulheres que se destacam por serviços prestados à Bahia.

A importância de sua trajetória também foi celebrada na música. Em 2011, o sambista Nelson Rufino lançou a canção A Força do Gantois, em homenagem à ialorixá.

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