O prefeito de Jequié, Zé Cocá (PP), atuou como uma espécie de opositor do esquema revelado pela “Operação Obedclean”. Apesar de uma servidora municipal ter sido presa, o gestor não tem envolvimento nos crimes apurados.
Segundo as investigações, a coordenadora de Projetos, Execução e Controle da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente de Jequié, Kalliane Lomanto Bastos, recebeu propina de R$ 48,7 mil dos empresários Alex Parente e Fábio Parente, irmãos e donos da Allpha Pavimentações e Serviços de Construções Ltda, em troca de liberar pagamentos retidos em contratos públicos firmados entre a empresa e a Prefeitura. Kalliane, que chegou a ser presa, foi demitida por Cocá no mesmo dia da Operação Overclean. A Prefeitura também instaurou uma sindicância interna.
Em conversas telefônicas interceptadas pela Polícia Federal, em janeiro deste ano, Kaliane se dirigia a Alex Parente cobrando o pagamento por suas operações no esquema. Ela relata que estaria sem receber há três meses e que, segundo ela teria conseguido liberar mais de R$580 mil em pagamentos à Allpha Pavimentações.
Na conversa à qual a polícia teve acesso, a então servidora cita que ainda haveria quatro notas da empresa “travadas” no Executivo de Jequié. Elas estariam sobre o controle de Kleber Ramos de Jesus, controlador-Geral do município. Para dar seguimento a suas atividades junto ao grupo grupo criminoso, Kaliane pede o pagamento de R$15 mil em uma conta sugerida por ela, no nome de Henrique Pires Bastos.
Após a liberação de mais notas para a empresa Allpha, a servidora municipal recebeu três pagamentos que somaram mais de R$8 mil, de acordo com as investigações. Além disso, membros da família da ex-servidora foram identificados como beneficiários de valores, como ficou comprovado em áudios transcritos no inquérito.
Mensagens trocadas por Kaliane Bastos e Alex Parente revelam discussões sobre contratos, pagamentos de propinas e a necessidade de “reequilíbrio” dos valores dos contratos com a Prefeitura de Jequié. Nesse contexto, Zé Cocá é mencionado por Kaliane como opositor à liberação de novos recursos para empresas contratadas e por cobrar a conclusão das obras da Allpha nos bairros Vila Aeroporto e Mandacaru.
A Operação Overclean atuou em outros municípios baianos, a exemplo de Salvador, Campo Formoso, Itapetinga e Lauro de Freitas.