O Vaticano anunciou nesta quarta-feira (12) que as alegadas aparições de Jesus Cristo na pequena cidade de Dozulé, no norte da França, não têm origem sobrenatural. A decisão foi oficializada em uma nova instrução aprovada pelo papa Leão XIV e emitida pelo Dicastério para a Doutrina da Fé, principal órgão doutrinário da Santa Sé.
De acordo com o documento, as histórias sobre as aparições relatadas por uma moradora da cidade nas décadas de 1970 (que afirmou ter visto Jesus 49 vezes e recebido dele mensagens para erguer uma cruz de 7,38 metros) não devem ser consideradas genuínas pelos 1,4 bilhão de católicos em todo o mundo.
“O fenômeno das supostas aparições deve ser considerado, definitivamente, como de origem não sobrenatural, com todas as consequências que decorrem dessa determinação”, diz o texto do Vaticano.
A decisão encerra décadas de debate em torno do caso, que atraiu peregrinos e curiosos à região da Normandia. A instituição reforçou ainda que não se deve explorar fenômenos religiosos para fins financeiros e lembrou que há um processo formal para avaliar alegações desse tipo.
O comunicado também ironizou uma das supostas mensagens atribuídas a Jesus, segundo a qual o mundo acabaria antes do ano 2000. “Claramente, essa profecia não foi cumprida”, afirmou o Vaticano, acrescentando:
“A Cruz não precisa de 738 metros de aço ou concreto para ser reconhecida: ela é erguida toda vez que um coração, movido pela graça, se abre para o perdão.”
As aparições aprovadas oficialmente pela Igreja Católica permanecem sendo as de Nossa Senhora de Guadalupe, no México (1531), e as de Jesus à irmã polonesa Faustina Kowalska, nos anos 1930.