Com um Produto Interno Bruto (PIB) per capita figurando entre os piores da Bahia e com mais da metade da população recebendo Bolsa Família, o município de Quijingue, Nordeste do estado, é a quarta cidade que mais vai gastar com atrações para o São João. É o que mostra, pelo menos até agora, o Portal da Transparência, do Ministério Público.
De acordo com dados da Prefeitura, Quijingue vai desembolsar R$ 5,2 milhões, com 26 atrações. Deste valor, R$ 4,7 milhões serão dos cofres municipais. São contratações nacionais, a exemplo de César Menotti e Fabiano (R$ 480 mil); Seu Desejo (R$ 400 mil); Magníficos e Mano Walter (R$ 350 mil, cada).
O gasto com as atrações de peso vai na contramão da economia local. Dados do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social apontam que exatamente 14.801 pessoas foram beneficiadas, em maio de 2025, pelo programa social do Governo Federal, Bolsa Família. Em média, esse valor ficou em R$ 673.
Levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística aponta que, no censo de 2022, Quijingue tinha uma população de 25.272 pessoas. Na prática, pouco mais da metade dos quijinguenses é assistido pelo programa do Governo Federal que distribui renda.
O IBGE também traz outro dado preocupante: o PIB per capita de Quijingue é o 376º de 417 da Bahia. É a riqueza média calculada por habitante. Na cidade, esse valor é de pouco mais de R$ 8 mil.
A cidade que vai mais gastar com atrações para o São João é Cruz das Almas, pouco mais de R$ 9 milhões. Com população de 60.348 pessoas e um PIB per capita de R$ 16,3 mil (94º no estado), a cidade tem 24 mil pessoas beneficiadas pelo Bolsa Família.
VEJA LISTA DAS CIDADES QUE MAIS VÃO GASTAR COM ATRAÇÕES DE SÃO JOÃO
Cruz das Almas - R$ 9.290.000,0
Irecê - R$ 6.960.000,0
Jequié - R$ 6.305.000,0
Quijungue - R$ 5.250.000,0
MAIS FESTA
Em janeiro deste ano, o prefeito José Romero Rocha Matos Filho (Avante), o Romerinho, confirmou a tradicional "Festa de São Sebastião". O problema é que a gestão estava devendo servidores que trabalharam no mês de dezembro. O governo municipal, que assumiu em janeiro, disse, na prática, que a conta não era dele.
Os contratos daquela época apontam que Solange Almeida ficaria com R$ 280 mil. Tayrone, R$ 220 mil. Toque Dez assinou contrato de R$ 200 mil. Devinho Novaes, de R$ 170 mil.
O Tribunal de Justiça da Bahia levou em consideração pedido do Ministério Público e mandou suspender a festa, em caráter liminar. Porém, pouco depois, a presidente da Corte, desembargadora Cynthia Maria Pina Resende, derrubou a decisão e manteve o evento.