Criadores de bodes, ovelhas, cabras e até bois calculam prejuízos milionários por conta de ataques de cães ocorridos entre as regiões da Bacia do Jacuípe e do Sisal, na Bahia. Os valores são incalculáveis porque não havia um programa para registro oficial das mortes causadas por cachorros. Nos últimos meses, os fazendeiros têm a impressão que o problema aumentou. A reportagem do Portal do Casé ouviu esses produtores.
Em Gavião, pequeno município entre os dois territórios de identidade, a maioria dos criadores cuida dos ovinos e caprinos para a própria existência. Outros, não. É o caso de Ademilton Cunha. Ele e sua família calculam que, nos último cinco anos, cerca de 100 animais foram mortos por cachorros. "É um prejuízo, tanto mental quanto financeiro. É triste, você cuidar com esforço, e ataques de cães, apenas durante uma noite, destruir um sonho", conta.
A cidade de Gavião entrou no centro de uma polêmica porque, em março, o prefeito Laurindo Nazário (PSD) chegou a sugerir o abate de cachorros. Cortes feitos nas redes sociais inflamaram ainda mais o tema. Pressionado pelos criadores, ele deve enviar à Câmara Municipal um Projeto de Lei para pelo menos tentar amenizar os prejuízos dos fazendeiros e pequenos criadores do município.
"O jurídico vai fazer as correções necessárias. Nós queremos estipular um prazo para os criadores de cães, sem donos. Vamos recolher esse animais e colocar em um abrigo. Se o dono não aparecer, vamos colocar para adoção. Os que continuarem matando o rebanho, se identificado o dono, esse dono será responsabilizado por cobrir as despesas na propriedade. Se não encontrar, a Prefeitura vai criar um fundo especial para cobrir esses danos", conta.
Gavião possui uma das maiores feiras de ovinos e caprinos da região. Na semana passada, entre sexta-feira e domingo, aconteceu a 6ª Feira Agropecuária. A reclamação dos expositores é sempre a mesma - ataques de cães. E não é um problema só da cidade.
"A gente vem sofrendo. Até a feira, aqui, era mais cheia. Os produtores estavam mais a vontade. A gente fica triste, mas a gente está buscando que a lei ajude a gente. O governador está assumindo uma pasta com a gente", pontua o prefeito de Nova Fátima, Assis Porto.
