Baldes com água da chuva, sendo carregados até por mulheres e crianças. Essa é a realidade que moradores de Queimadas e Santaluz, no sertão da Bahia, enfrentam há uma semana. Desde fortes chuvas, que caíram na região entre sábado e quinta-feira, o fornecimento de água potável, de responsabilidade da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), foi interrompido. Até a manhã desta segunda-feira (20), o problema persistia.
"Na minha casa, caiu água na noite de domingo. Quando o papel [conta] da Embasa vem, não tem desconto. Quando a água caiu, não deu nem para lavar roupa", contou a moradora de Queimadas, Maria Lopes. Por conta da situação, até o banheiro do Mercado Municipal foi interditado. Alguns comércios precisaram interromper o atendimento. Órgãos públicos da Prefeitura também foram afetados.
Por meio das redes sociais, comerciantes reclamam. Donos de uma churrascaria, Denilson Silva e Nubya Carvalho foram usados como um exemplo. "A população sofre e lamenta mais um ano, com serviço péssimo da Embasa. Sempre que caem as fortes chuvas, nosso Rio Itapicuru enche e as duas cidades sofrem com a falta de água, com rio transbordando. Quando estamos no período de seca pedem que a gente economize", relata um texto, nas redes.
Na sexta-feira (17), o gerente da Embasa de Queimadas, Alan Silva Barros, confirmou que o abastecimento foi interrompido por conta das chuvas. Antes disso, cabos de aço que ajudavam a manter o serviço em funcionamento foram furtados. Em algumas casas, o problema está acontecendo há 10 dias.
"Com as chuvas recentes, que impactaram a região, o volume dos rios e riachos subiu. Somos um sistema integrado - Queimadas/Santaluz - e temos duas captações: Barragem da Leste e Medrado. A adutora da Barragem da Leste em direção à estação de tratamento para ser distribuída passa por um riacho que chamamos de Rio D'Água. Com a chuva, esse riacho se elevou e acabou levando a tubulação, interrompendo esse fluxo", explicou Alan.
Áudio atribuído a uma mulher, de prenome Bernadete e que tem crise de ansiedade, começou a circular em Queimadas. "Aí caiu água? Levantei hoje e, quando vi que não tinha água, me deu uma crise de choro. O que eu faço da minha vida? Não tem um pingo de água. São 10 dias, hoje. Gastei minha caixa de 1000 litros. Ainda gastei outra, de 500. As últimas gotas eu usei para tomar um banho. Não tenho o que fazer", disse, chorando.
"Só vamos conseguir reestabelecer a adutora após termos acesso ao local. A água subiu cerca de 100 metros, em distância", completou o representante da Embasa ainda na sexta-feira. No final de semana, o fornecimento voltou, de forma fraca, em poucas casas.
"A barragem de Medrado é nossa segunda captação e contribui para o abastecimento. O rio, nesse caso, subiu muito. Com isso, vêm muitos dejetos, como baronesa. Conforme está descendo o rio, está entrando no motor da barragem da correnteza. Conforme os dejetos passam, entopem os motores. Temos equipe lá no local, com gradeamento e limpeza. Acontecem falhas elétricas também. Isso atrapalha a bomba", disse o gerente regional da Embasa.