Está confirmada a paralisação das operações industriais da Unigel Agro BA (FAFEN-BA) na Bahia. O comunicado foi emitido pela direção da Proquigel, ao Sindiquímica na última quarta-feira, dia 1º de novembro. Com isso mais de 300 trabalhadores vão ser demitidos.
A Proquigel alega que vem operando a unidade da Unigel na Bahia, produtora de fertilizantes nitrogenados da Petrobras, de forma deficitária desde o final de 2022, especialmente em razão do alto custo do gás natural fornecido pela Petrobras que torna o preço final dos fertilizantes impraticável face aos preços praticados no mercado internacional.
Nos últimos meses, a diretoria do Sindiquímica já vinha buscando o diálogo com representantes da Petrobras, do governo da Bahia e do governo federal, cobrando o retorno das operações da fábrica e a garantia da manutenção dos postos de trabalho. Ao todo são 384 trabalhadores envolvidos na produção da unidade, entre 264 funcionários diretos e 120 indiretos.
São trabalhadores especializados, alguns vindos de outros estados ou de outras indústrias da Bahia, que investiram na formação profissional e organizaram suas vidas e das suas famílias a partir da expectativa gerada pelo trabalho na Unigel. Cerca de 30% dos funcionários realizaram qualificação no Senai Cimatec e desempenham o primeiro emprego.
“A nossa preocupação enquanto sindicato que defende os direitos dos trabalhadores é a garantia dos postos de trabalho, com uma solução imediata que venha do governo da Bahia ou governo federal, por meio da Petrobras, que pode retornar a operação com as Fafens. Independentemente da solução encontrada, queremos a garantia de que todos os trabalhadores serão aproveitados”, cobra José Pinheiro, diretor do Sindiquímica Bahia.
O sindicalista chama atenção para a situação dos trabalhadores, diante da incerteza quanto ao futuro, o que tem gerado transtornos emocionais e psicológicos.
“Quando as refinarias e poços de petróleo foram vendidos durante o governo Bolsonaro gerou graves comprometimentos psicológicos para os trabalhadores que se deslocaram de suas cidades, com um número crescente de casos de depressão e até suicídio. Não podemos esperar que aconteça situação semelhante com os trabalhadores da Unigel”, alerta José Pinheiro.
HISTÓRICO
Fechada durante o governo de Michel Temer, em 2016, e posteriormente entregue à iniciativa privada, durante a gestão Bolsonaro, a fábrica de fertilizante foi arrendada para a UNIGEL por 10 anos, junto com a unidade de Laranjeiras, em Sergipe.
As unidades já estão paradas devido ao aumento no preço do gás natural e a redução dos preços da ureia, já que empresas estrangeiras comercializam o produto no Brasil com valor muito baixo, tornando a concorrência inviável e gerando prejuízos consideráveis.
A operação do negócio está diretamente ligada ao custo da oferta de gás natural, principal matéria-prima com oferta exclusiva da Petrobras.
A diretoria do Sindiquímica Bahia está buscando, junto à assessoria jurídica e a mobilização da esfera política, a cobrança por soluções que possam garantir a manutenção dos postos de trabalho e a renda dessas famílias de trabalhadores.