Faltando poucos dias para a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentar sua denúncia no caso da tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (18) que tem “zero preocupação” com a possibilidade de ser formalmente acusado. A declaração foi feita após um almoço com parlamentares da oposição no Senado.
“Que golpe é esse? Não tenho nenhuma preocupação com as acusações, zero”, disse Bolsonaro em entrevista coletiva.
A denúncia deve incluir a tipificação de crimes apontados pela Polícia Federal (PF), que conduziu a investigação e concluiu que o grupo articulou um plano para abolir o Estado Democrático de Direito no Brasil.
De acordo com o relatório da PF, Bolsonaro "tinha plena consciência e participação ativa" nos atos criminosos, com domínio sobre as ações executadas. Os crimes imputados incluem abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa, com penas que, somadas, podem chegar a 28 anos de prisão.
Caso a denúncia seja aceita pelo STF, os investigados passam à condição de réus em ação penal, e o processo pode avançar para a fase de julgamento.
Além de Bolsonaro, a PF também indiciou outras figuras importantes, como Ailton Gonçalves, Carlos Cezar Rocha, o general Estevam Theofilo, Mauro Cezar Cid, Técio Arnald, Valdemar Costa Neto (presidente do PL) e Paulo Renato Figueiredo Filho.
A denúncia da PGR tem potencial para intensificar a crise no bolsonarismo, impactando diretamente o futuro político do ex-presidente e de seus aliados.
Bolsonaro mantém apoio
Apesar do avanço da investigação, Bolsonaro segue sendo tratado como principal liderança da direita no Brasil. O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), afirmou que o encontro desta terça-feira teve como objetivo debater as pautas do grupo político.
“Foi uma conversa. Convidamos o ex-presidente porque toda terça-feira a oposição se reúne. Vamos iniciar um novo ano legislativo e o ex-presidente, como maior líder da direita do país, veio conversar com a oposição aqui no Senado sobre pautas de interesse da população e do nosso grupo político”, declarou Marinho.