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Em Kuala Lumpur, Lula convida empresários da Malásia a investir no Brasil: 'Mão dupla'

Data:
Antonio Dilson Neto

O comércio entre Brasil e Malásia somou US$ 487 milhões em setembro de 2025, com superávit brasileiro de US$ 2,7 bilhões. Os principais produtos exportados são minério de ferro e petróleo bruto, com volume superior ao destinado a países europeus como França e Itália.

Em Kuala Lumpur, Lula convida empresários da Malásia a investir no Brasil: 'Mão dupla'
Ricardo Stuckert/PR

Durante a Reunião Empresarial Brasil-Malásia, realizada neste domingo (26) em Kuala Lumpur, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou o potencial de crescimento das relações comerciais entre os dois países e afirmou que o Brasil está aberto a receber investimentos malásios

“Precisamos que os empresários da Malásia compareçam ao Brasil, conheçam o Brasil, construam parcerias com as empresas brasileiras. Política comercial é uma via de duas mãos, um jogo de ganha-ganha”, disse o presidente.

Lula afirmou que o papel de um chefe de Estado é criar oportunidades de negócios e ressaltou o objetivo de elevar o comércio bilateral, que atualmente gira em torno de US$ 6 bilhões. “O comércio entre Brasil e Malásia pode e deve crescer acima desses números”, afirmou.

Durante o encontro, Brasil e Malásia assinaram um memorando de entendimento sobre biotecnologia, cultivo de algas, inovação genética e sustentabilidade. O presidente também destacou o potencial de cooperação no setor de semicondutores, unindo a tecnologia da Malásia ao mercado brasileiro.

Lula mencionou ainda a história da produção de borracha, lembrando que o país asiático transformou uma muda de seringa brasileira em uma indústria de sucesso. “Parabéns à Malásia, que teve a competência de fazer com que as mudas que vieram do Brasil prosperassem, enquanto ainda enfrentamos o fungo que impede o cultivo em larga escala”, observou.

O vice-primeiro-ministro e ministro de Transição Energética e Transformação Hídrica da Malásia, Sri Haji Fadillah bin Haji Yusof, elogiou a aproximação entre os países e afirmou que o comércio bilateral deve atingir US$ 7,7 bilhões em 2025.

Entre os executivos presentes, o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, destacou o interesse em ampliar a cooperação com a Malásia nas áreas de aviação comercial, defesa e mobilidade aérea urbana.

Mais cedo, Lula participou da Cúpula Empresarial da ASEAN, no Centro de Convenções MITEC, onde defendeu o fortalecimento da cooperação entre os países do Sul Global em temas como sustentabilidade, transformação digital e segurança alimentar.

O presidente lembrou que a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) é hoje o quinto maior parceiro comercial do Brasil, com uma corrente de comércio que saltou de US$ 3 bilhões em 2002 para US$ 37 bilhões em 2024. “Há quem questione o conceito de Sul Global, mas existem muito mais interesses que nos unem do que diferenças que nos separam”, declarou.

Lula também alertou para os impactos das mudanças climáticas e das novas tecnologias nos países em desenvolvimento. “Seremos os mais afetados pela mudança do clima, mesmo sem termos sido os maiores responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa”, disse.

Em seu discurso, o presidente defendeu uma nova ordem internacional baseada no multilateralismo. “Um mundo multipolar regido por regras multilaterais é o melhor caminho para a paz e a prosperidade. O Brasil e a ASEAN têm tudo para se tornarem polos de uma ordem mais justa e equilibrada”, afirmou.

A viagem à Malásia marca a primeira visita oficial de Lula ao país e a segunda de um presidente brasileiro em 30 anos. No sábado (25), o presidente teve reunião bilateral com o primeiro-ministro Anwar Ibrahim, em Putrajaya, quando foram firmados sete instrumentos de cooperação, incluindo acordos nas áreas de semicondutores, ciência e inovação tecnológica, pesquisa espacial e agricultura sustentável.

O comércio entre Brasil e Malásia somou US$ 487 milhões em setembro de 2025, com superávit brasileiro de US$ 2,7 bilhões. Os principais produtos exportados são minério de ferro e petróleo bruto, com volume superior ao destinado a países europeus como França e Itália.

A visita integra a agenda de aproximação do Brasil com o bloco da ASEAN, formado por dez países do Sudeste Asiático, e reforça o esforço diplomático do governo brasileiro em diversificar parcerias e ampliar a presença econômica na Ásia.

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