Em meio a discussões sobre a abertura de uma possível CPI na Câmara Municipal de São Paulo para investigar ONGs que atuam na Cracolândia, o presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) homenageou o pedre paulista Júlio Lancelotti, principal alvo da movimentação e favor da CPI.
Nesta quinta-feira (4) Lula publicou uma foto no X (antigo Twitter) e agradeceu a Deus por figuras como o sacerdote, que "dedica sua vida para tentar dar um pouco de dignidade" às pessoas em situação de rua.
O presidente também elogiou o trabalho da Diocese de São Paulo, à qual o padre é vinculado. "Seu trabalho e da Diocese de São Paulo são essenciais para dar algum amparo a quem mais precisa".
A proposta da CPI é do vereador Rubinho Nunes (União). O projeto vem sendo criticado nas redes sociais desde que o vereador disse que pretende convocar padre Júlio para "prestar esclarecimentos". Segundo o autor, a CPI tem o objetivo de "investigar ONGs que fornecem alimentos, utensílios para uso de substâncias ilícitas e tratamento aos grupos de usuários que frequentam a região da Cracolândia".
Para CPIs serem instaladas na Câmara Municipal da capital paulista, são necessárias 19 assinaturas. No requerimento apresentado à Mesa Diretora por Rubinho Nunes, há assinaturas de 22 parlamentares. Com a forte repercussão negativa, pelo menos quatro vereadores já retiraram a assinatura: Thammy Miranda (PL), Xexéu Tripoli (PSDB), Sidney Cruz (Solidariedade) e Sandra Tadeu (União).
Thammy, inclusive, foi alvo de críticas por ter sido defendido pelo religioso de ataques transfóbicos de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Nesta quinta-feira, o vereador disse ao jornal O Globo que é vítima de "fake news".
Apesar da perda de apoio, o gabinete de Nunes diz que ainda possui assinaturas suficientes para criação da CPI, mas não apresentou uma lista com com todos os nomes.
Nas redes sociais, a Diocese de São Paulo e o padre Júlio Lancelotti se pronunciaram sobre o assunto. A Diocese disse acompanhar com perplexidade as notícias e que se pergunta a motivação da CPI.
Padre Júlio compartilhou uma nota pública em que afirma não ser membro de nenhuma ONG e que seu trabalho com a Pastoral da Rua é vinculado apenas à Diocese.
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