O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, declarou nesta quarta-feira (4) que as investigações conduzidas pela corporação indicam que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha conhecimento de uma trama para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Todos os elementos de prova indicam que sim, o ex-presidente sabia da trama golpista. Depoimentos, trocas de mensagens, registros de impressoras, acessos ao Planalto – tudo está documentado com base em evidências sólidas", afirmou Rodrigues, durante conversa com jornalistas no Instituto Nacional de Criminalística (INC), em Brasília.
Militares e lacunas na investigação
Apesar de avanços no inquérito, que resultou em um relatório de 884 páginas entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), ainda há questões em aberto. Entre elas, a identidade de cinco militares supostamente envolvidos em um plano para assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin, e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Rodrigues destacou, no entanto, que o foco da investigação foi nas ações concretas relacionadas ao golpe de Estado, e não em possíveis tentativas de homicídio. "Ninguém foi indiciado por tentativa de homicídio", pontuou.
Diligências em andamento
Mesmo com a conclusão do relatório, novas diligências estão sendo realizadas. Recentemente, foram apreendidas mídias adicionais na operação "Contragolpe", e o ministro Alexandre de Moraes determinou novos depoimentos.
Um dos principais pontos de atenção é o acordo de delação premiada firmado pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Nesta quinta-feira (17), a PF realizará uma nova oitiva com Cid, após o surgimento de possíveis contradições em seus depoimentos.
"Não solicitamos a rescisão do acordo, mas apontamos omissões e inconsistências que precisam ser esclarecidas", explicou Rodrigues.