A revista britânica The Economist destacou, na capa da edição, a ação no Supremo Tribunal Federal (STF) que julgará a suposta participação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em uma trama golpista após as eleições de 2022.
A capa traz uma montagem de Bolsonaro como o “Viking do Capitólio”, em referência a Jacob Anthony Chansley, um dos invasores do Congresso dos EUA em 6 de janeiro de 2021.
Segundo a publicação, o julgamento simboliza a “recuperação” do Brasil após a onda populista. O texto compara o país aos Estados Unidos, afirmando que, enquanto a democracia brasileira se fortalece, os EUA enfrentam retrocessos sob a influência de Donald Trump.
A reportagem ressalta que as memórias da ditadura militar e a percepção de que Bolsonaro tentou se manter no poder por meio de um golpe ajudam a explicar a reação institucional no Brasil.
Apesar de elogiar o papel do STF como guardião da democracia, a revista alerta para o excesso de poder concentrado na Corte. O texto aponta que os ministros atuam como vítimas, promotores e juízes em alguns processos, o que gera críticas e pressões por reformas.
O Economist lembra que, somente em 2024, o STF lidou com 114 mil decisões. Esse volume, somado ao protagonismo político dos ministros, é visto como um risco à legitimidade do tribunal.
Ainda assim, a publicação conclui que o Brasil demonstra maturidade política maior que a dos EUA, já que líderes de diferentes espectros defendem reformas dentro das regras democráticas.
“O papel de adulto democrático do hemisfério ocidental mudou-se para o sul”, afirma o texto.