O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou, pela primeira vez, nesta quinta-feira (21), sobre o plano golpista desbaratado pela Polícia Federal, que visava sua morte, a de seu vice-presidente Geraldo Alckmin, e a de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). A operação que revelou o esquema ocorreu nesta semana e resultou na prisão de cinco suspeitos, incluindo quatro militares e um policial federal.
Durante evento no Palácio do Planalto, que abordava a concessão de rodovias no país, Lula se manifestou sobre o atentado frustrado, destacando que tanto ele quanto Alckmin estão vivos devido ao fracasso da tentativa de envenenamento. "Eu sou um cara que tenho que agradecer muito mais porque eu estou vivo. A tentativa de me envenenar, eu e o Alckmin, não deu certo, nós estamos aqui", disse o presidente.
A operação da Polícia Federal, deflagrada na terça-feira (19), investigou um grupo de militares que planejavam um golpe de Estado em 2022, logo após a eleição. O plano incluía a execução de Lula, Alckmin e Moraes, que presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na época, e pretendia desestabilizar o processo democrático no Brasil.
"O que precisamos é de um Brasil sem perseguição"
Lula enfatizou a importância de construir um país livre de perseguições políticas, ódio e desavenças, e se comprometeu a trabalhar para que seu governo seja lembrado por seus feitos em prol da educação e do bem-estar dos mais pobres. "E eu não quero envenenar ninguém. A única coisa que eu quero é que, quando terminar o meu mandato, possamos desmoralizar com números aqueles que governaram antes de nós", declarou o presidente, reforçando sua visão de um Brasil mais justo.
O plano de golpe foi revelado em documentos apreendidos pela Polícia Federal, incluindo um arquivo chamado "Punhal verde amarelo", que descrevia em detalhes como os alvos seriam assassinados, utilizando armamento pesado e até a possibilidade de envenenamento. A investigação, que faz parte do "inquérito do golpe", apura uma tentativa de impedir a posse do governo atual após a derrota eleitoral de Jair Bolsonaro.
O general do Exército, Mário Fernandes, então número dois da Secretaria-Geral da Presidência, foi apontado como o responsável pela elaboração do plano. De acordo com a apuração, cópias do arquivo foram impressas no Palácio do Planalto e levadas para uma reunião no Palácio da Alvorada, onde Jair Bolsonaro estava presente na época.
A operação gerou uma onda de reações no cenário político, com figuras como Gleisi Hoffmann (PT), Flávio Bolsonaro (PL) e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), manifestando preocupações sobre as implicações de um possível golpe no país. A ação também coloca em foco a ameaça crescente à democracia brasileira, em um momento em que as instituições são desafiadas por forças extremistas.