Em viagem oficial à Itália, onde a deputada Carla Zambelli (PL-SP) está detida desde julho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (13) que “nem se lembrava desse nome” e declarou que a aliada de Jair Bolsonaro “vai pagar pelo erro que fez, seja aqui ou no Brasil”.
A declaração foi dada durante entrevista coletiva em Roma, após encontros com o papa Leão XIV e autoridades da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura). Questionado sobre a situação da parlamentar, Lula foi breve, mas contundente:
“Nem lembrava desse nome. Se você não pergunta, eu nem sabia que ela estava aqui ou não. Para mim, é uma pessoa que não merece respeito de quem ama a democracia. Ela vai pagar pelo erro que fez. Ou aqui ou no Brasil. Portanto, é uma questão de Justiça, não é uma questão minha”, afirmou o presidente.
A fala ocorre no mesmo país onde Zambelli tenta evitar ser extraditada para o Brasil. Presa em Roma desde julho, ela está sob custódia das autoridades italianas, que avaliam o pedido formal de extradição feito pelo governo brasileiro em junho.
A parlamentar é alvo de duas condenações no Supremo Tribunal Federal (STF). A primeira, de dez anos de prisão, foi pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2023. Segundo as investigações, Zambelli foi a autora intelectual do ataque cibernético que resultou na emissão de um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.
O hacker Walter Delgatti Neto, conhecido como o “hacker da Vaza Jato”, confirmou ter executado a invasão a mando da deputada. Ele também foi condenado, enquanto Zambelli recebeu pena de prisão e a obrigação de pagar R$ 2 milhões em indenizações por danos coletivos.
Com dupla cidadania, a deputada fugiu para a Itália em maio, antes que o mandado de prisão fosse cumprido. Dois meses depois, foi presa em um apartamento em Roma, após seu nome entrar na lista vermelha da Interpol.
Nova condenação no Brasil
Mesmo já condenada e foragida, Zambelli voltou a ser alvo do STF em agosto, quando o tribunal finalizou outro julgamento. Desta vez, referente ao episódio em que a parlamentar sacou uma arma e perseguiu o jornalista Luan Araújo, em São Paulo, às vésperas do segundo turno das eleições de 2022.
Pela ação, Zambelli foi condenada a cinco anos e três meses de prisão por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal com uso de arma de fogo
