Em um movimento dramático, o Parlamento da Coreia do Sul derrubou na madrugada desta quarta-feira (4), no horário local, o decreto de lei marcial anunciado horas antes pelo presidente Yoon Suk Yeol. No entanto, os militares declararam que a medida será mantida até que o presidente a revogue formalmente.
A crise política ganhou força após confrontos violentos entre manifestantes e forças de segurança dentro e fora da Assembleia Nacional, em Seul. Apesar de legalmente obrigar o presidente a suspender a lei marcial após a decisão parlamentar, Yoon ainda não se pronunciou desde o anúncio inicial, feito em rede nacional.
Decreto controverso
O presidente Yoon justificou a declaração de lei marcial como uma medida emergencial para proteger o país de supostas "forças comunistas" da Coreia do Norte e "eliminar elementos antiestado". A decisão foi anunciada de forma inesperada, aumentando as críticas em um momento de baixa popularidade e enfraquecimento político após a vitória da oposição nas últimas eleições legislativas.
No Parlamento, a resolução para revogar o decreto foi aprovada por unanimidade entre os 190 parlamentares presentes, incluindo membros do partido governista e da oposição. O presidente da Assembleia Nacional, Woo Won-sik, liderou o esforço para suspender a medida, descrita como "um atentado à democracia".
Protestos e confrontos aumentam em Seul
Enquanto os debates aconteciam no Parlamento, manifestantes contrários à lei marcial se reuniam nos arredores do prédio legislativo. A tensão escalou quando grupos tentaram forçar a entrada no local, resultando em confrontos com a polícia. Forças especiais de segurança foram enviadas para conter a situação, e as atividades parlamentares chegaram a ser suspensas temporariamente.
O que é a lei marcial?
A lei marcial é uma medida extrema que transfere poderes civis para autoridades militares em situações de emergência. Na Coreia do Sul, sua última declaração ocorreu em 1979, durante um período de instabilidade política após o assassinato do ditador Park Chung Hee. Sob o regime de lei marcial, profissionais essenciais podem ser convocados, e a imprensa passa a ser controlada pelo governo.
Próximos passos
A pressão sobre o presidente Yoon Suk Yeol para revogar oficialmente o decreto é crescente, mas especialistas acreditam que ele poderá resistir à decisão parlamentar. Enquanto isso, a oposição e até membros de seu próprio partido reforçam a necessidade de um retorno à normalidade democrática.
A situação na Coreia do Sul segue em clima de incerteza, com a comunidade internacional acompanhando de perto os desdobramentos de uma crise que pode marcar a história política do país.
