A Polícia Federal apura o uso de uma funerária como fachada para fraudes e lavagem de dinheiro envolvendo descontos indevidos na folha de pagamento de aposentados e pensionistas do INSS. A empresa investigada é a Global Planos Funerários, com sede em Fortaleza (CE).
De acordo com relatório da PF, a funerária movimentou mais de R$ 82 milhões entre fevereiro e julho de 2024, sendo R$ 2,6 milhões com indícios de irregularidades.
Cecília Rodrigues Mota, sócia da Global, também é alvo da investigação, citada por transações suspeitas e viagens internacionais irregulares.
Entre os repasses sob suspeita, está um pagamento de R$ 100 mil da funerária para a empresa de tecnologia Highway Comércio e Serviços de Informática. O mesmo valor foi repassado, em seguida, a outras empresas ligadas à empresária.
Também são investigados depósitos de R$ 214 mil à associação de catadores Asbampa, e dois repasses à Associação Brasileira dos Servidores Públicos (Abrasp), somando R$ 2,3 milhões entre setembro de 2023 e janeiro de 2024.
“Normalmente, as associações recebem os valores. Neste caso, identificamos o fluxo inverso, com cifras elevadas”, destaca o relatório da PF.
Para justificar os pagamentos, há indícios de falsificação de certidões de óbito. A Global cobrava cerca de R$ 3 mil por cada serviço funerário prestado às associações.
Segundo a PF, os valores equivalem ao custeio de enterros para 8.713 pessoas entre 2022 e 2024. No entanto, esse número não corresponde às mortes efetivamente registradas pelas entidades no mesmo período.
Outro ponto que chamou a atenção dos investigadores é que, mesmo com a suposta alta mortalidade, as associações mantiveram ou ampliaram sua base de contribuintes ativos.