A Polícia Militar da Bahia abriu uma sindicância contra os agentes envolvidos na abordagem da deputada estadual Olívia Santana (PCdoB), no bairro do Vale das Pedrinhas, em Salvador. O processo, assinado no final de maio pelo comandante-geral da corporação, coronel Paulo Coutinho, tem até 45 dias para ficar pronto. Uma major vai comandar a sindicância.
Na prática, a sindicância é uma investigação que pode opinar pela instauração de inquérito; arquivamento do processo; ou instauração de Processos Disciplinares: Sumários ou Administrativos.
No caso envolvendo a deputada Olívia Santana, o corregedor da PM quer saber "as circunstâncias de abordagem realizada por policiais militares lotados na 40ª Companhia Independente (CIPM/Nordeste de Amaralina), a veículo tipo SUV de cor escura, vidros escuros, no qual existiam quatro pessoas, incluindo uma parlamentar estadual".
POLÊMICA
A abordagem aconteceu no dia 1º de maio. Nas redes sociais, Olívia Santana reclamou do tratamento dado pelos PMs. "No começo, não entendemos, ouvimos a sirene, mas seguimos. De repente, o policial estava com uma arma do lado de fora apontada para o meu carro, começou a gritar para que a gente descesse do carro", disse a parlamentar, por meio das redes sociais.
A ação da PM foi gravada, em vídeo, por uma testemunha. Nele, Olívia aparece, junto com outras duas pessoas, sendo retirada do veículo, com as mãos para cima.
O vídeo da abordagem foi suficiente para gerar polêmica. Policiais militares influenciadores usaram o Instagram para atacar a deputada estadual. Os agentes - da ativa e reserva - criaram um coro a favor da guarnição responsável pela ação.
REUNIÃO COM COMANDANTE
No dia 3 de maio, Olívia se reuniu com o comandante-geral da PM para falar sobre o caso. "Importante oportunidade para dirimir dúvidas sobre os procedimentos e a natureza da abordagem policial, reafirmando o compromisso institucional com a lisura em todos os procedimentos e a necessidade de zelar pela boa imagem da nossa tropa", escreveu Paulo Coutinho nas redes sociais.
Ele falou também que a PMBA sempre estará aberta ao diálogo sobre suas ações. "A Polícia Militar da Bahia sempre estará aberta a dialogar sobre suas ações, fiel à natureza cidadã que norteia a atuação institucional".
OUTRO CASO
Não é a primeira vez que Olívia tem problemas com a PM. Um sargento e um soldado da corporação respondem a um Processo Disciplinar por uma confusão envolvendo a deputada e apoiadores do então candidato a governador Jerônimo Rodrigues (PT) durante o segundo turno das eleições estaduais e federais de 2022.
A discussão aconteceu no dia 30 de outubro, na frente do Colégio Henriqueta Martins, no bairro da Federação, em Salvador. Parte dela foi registrada em vídeos. Testemunhas disseram, na época, que a briga começou após três policiais afirmarem que o grupo estaria fazendo "boca de urna", o que é proibido pela legislação.
Olívia chegou a definir a ação dos PMs como "truculenta". Um dos vídeos mostra a deputada estadual já discutindo com dois dos três PMs. "Se fizer, eu vou dar voz de prisão", contesta um dos servidores públicos, seguido por Olívia: "Você respeite a lei". No decorrer do processo, comandado pela Corregedoria-Geral da PM, todas as testemunhas foram ouvidas, assim como os policiais envolvidos e uma representante da parlamentar.
